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A população da cidade de São Paulo teve bons motivos para estranhar o frio que fez em novembro de 2016. O último dia do mês, 30, teve temperatura mínima de 13,8°C e máxima de apenas 19,3°C.
Pelas análises do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), as madrugadas de novembro de 2016 foram, em média, as mais frias para este mês desde 2011 e as tardes foram as mais frescas desde 2012.
No balanço de novembro de 2016 divulgado pelo INMET, o total de chuva acumulado nos 30 dias do mês ficou um pouco acima da média. Choveu 166,8mm, sendo que a média para o período de 1943 a 2015 foi de 140,4 mm. No ano passado choveu 247,2 mm.
Houve registro de chuva em 17 dias, 4 dias acima da média do número médio de dias de chuva para novembro que é de 13. Foi o maior número de dias com chuva para este mês desde o ano de 1997, quando choveu em 22 dias de novembro
A média das temperaturas mínimas e das temperaturas máximas em novembro de 2016 ficou dentro da média Climatológica calculada para o período de 1943 a 2015.
O que explica o frio atípico sentido pela população da cidade de São Paulo é que a média das temperaturas mínimas de novembro de 2016 foi a mais baixa desde 2011. A média das mínimas foi de 16,5°C, apenas 0,1°C acima da normal climatológica. A média das temperaturas máximas foi de 26,7°C, a menor em novembro desde 2012.
O INMET também constatou que, em relação ao ano passado, novembro de 2016 foi cerca de 2,5°C mais frio na média das temperaturas mínimas, sendo o 2° mais frio em 17 anos.
Entenda o frio de novembro
As frentes frias não tiveram "barreiras atmosféricas" para chegar ao Sudeste do Brasil durante o mês de novembro de 2016. Esta maior "liberdade" de deslocamento está relacionada com resfriamento mais acentuado das águas do oceano Pacífico Equatorial, que caracteriza o fenômeno La Niña. Isto deixa as massas polares mais fortes e facilita a passagem do ar frio para a Argentina.
Durante o mês de novembro, as massas polares das frentes frias ficaram mais fortes do que o normal para esta época. O deslocamento do ar polar para o Brasil foi facilitado pelo enfraquecimento da corrente de jato subtropical.
No mapa abaixo, a região em tom azul dentro do quadrado representa a temperatura da superfície do mar abaixo do normal.
A temperatura da superfície da água do mar no Pacifico Equatorial está mais baixa do que o normal e isto enfraquece o jato subtropical, que é uma forte corrente de ventos que sempre existe em torno de 10 km de altitude, que oscila sobre o centro-sul do Brasil. O jato subtropical faz o papel de "leão de chácara". Como ele está enfraquecido, as frentes frias e suas massas polares estão conseguindo passar facilmente da Argentina para o Brasil. Com as massas polares mais fortes, o ar frio conseguiu avançar com mais força até o Sudeste.