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O desastre ambiental causado pelo derramamento de óleo cru no litoral brasileiro pode também causar graves problemas de saúde para a pele de voluntários que atuam na retirada dos resíduos.
Com objetivo de reduzir riscos dessa exposição, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) divulgou um guia com recomendações importantes para quem está participando desse trabalho e mesmo para os moradores das áreas atingidas.
“São recomendações simples e que podem ser incorporadas à rotina dos voluntários e dos moradores. O empenho dessas pessoas deve ser acompanhado de uma preocupação com sua saúde. Os cuidados ao proteger o corpo da exposição aos resíduos e na hora de retirar os produtos que entraram em contato com a pele devem ser contínuos”, alertou o presidente da SBD, Sergio Palma.
Ele explica que, como óleo cru permanece impregnado na pele, as pessoas tentam retirá-lo com o uso de solventes (aguarrás, thinner, óleo diesel, querosene ou gasolina). No entanto, o contato com esses produtos aumenta o processo irritativo.
Foto: Clemente Coelho Júnior/ Instituto Bioma Brasil
O presidente da SBD ressalta que a maneira mais adequada de limpar a pele é lavar a área atingida com água e sabão. A aplicação de óleos para bebês, geleia de vaselina ou até mesmo pastas utilizadas por metalúrgicos para remover óleos e graxas facilita a retirada dos resquícios de óleo. Após essa etapa, a aplicação de cremes ou loções hidratantes é importante.
As recomendações se dividem em três grupos: cuidados de proteção do corpo, que incluem o uso de material específico para o manuseio do óleo; cuidados na retirada do óleo que entrou em contato com a pele, como orientações de limpeza e dos melhores produtos para essa tarefa; e cuidados gerais para os moradores das regiões atingidas.
A SBD já recebeu relatos de complicações ocorridas em alguns locais do país e acredita que novos casos podem ser evitados se as medidas de prevenção e de proteção forem seguidas pela população. A dermatologista Rosana Lazarini, assessora do Departamento de Alergia Dermatológica e Dermatoses Ocupacionais da SBD, que participou da elaboração desse guia chama atenção para os riscos envolvidos.
“Muitos voluntários têm trabalhado na remoção do material que chega as praias. Entretanto, o trabalho tem sido realizado de maneira inapropriada. Esses grupos têm entrado em contato com o óleo sem proteção adequada e, em alguns casos, com impregnação de toda a pele. Importante salientar que o petróleo ou óleo cru é constituído por uma série de compostos químicos com diferentes toxicidades, como tolueno, xileno, benzeno e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos”, ressaltou.
De acordo com ela, esse contato pode desencadear problemas de saúde que afetam diferentes órgãos e sistemas, como hematopoiéticos, hepáticos, renais e pulmonares, além de causar alterações do humor e das funções cognitivas. Na fase aguda de intoxicação pelo contato com o óleo cru, as reações mais comuns são: irritação e dor na garganta e nos olhos, tosse, coriza, coceira e olhos vermelhos, cefaleia, náuseas, fadiga e pele irritada e vermelha, dentre outros.
“A pele, quando acometida, apresenta processos irritativos com eritema nas áreas de contato, evento conhecido como Dermatite de Contato, sendo a forma irritativa mais comum. Esses efeitos pioram se a pele permanecer exposta ao Sol, podendo causar queimaduras solares”, acrescenta Rosana Lazarini.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), reitera que, em caso de dúvida, o paciente deve entrar em contato com o Ministério da Saúde por meio do Centro de Informações Toxicológicas, pelo telefone 08007226001, e procurar ajuda médica em serviços de urgência e emergência.
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