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A população da Região Sul do Brasil ainda se recupera dos estragos feitos pela chuvarada e a ventania dos dias 30 de junho e 1 de julho, causadas por uma frente fria e um forte ciclone extratropical, e terá que enfrentar novos dias tempestuosos. Outra frente fria passa pelo Sul do Brasil no domingo, 5 de julho, e em seguida teremos a formação de outro ciclone extratropical.
É uma situação de perigo? Sim! É alto o risco de novos temporais, mas a intensidade deve ser menor do que as tempestades que ocorreram na virada de junho para julho. Mesmo assim, é uma situação de alerta. Há risco de vento forte e de chuva forte para os três estados, mas que não necessariamente vão ocorrer nos mesmos locais que foram destruídos no começo da semana.
Para os meteorologistas, uma decisão crucial e difícil: onde e com qual intensidade a baixa pressão atmosférica do novo ciclone extratropical vai se organizar? Modelos de previsão numérica do tempo divergem na simulação da situação para os próximos dias. A posição e a intensidade desta baixa pressão atmosférica são diferentes nas análises futuras dos modelos GFS (EUA) e ECMWF (Europeu) e cada uma dará uma previsão distinta. Mas o que se pode alertar com relativa segurança, por enquanto, é que vem mais chuva forte e com potencial para danos.
Saiba mais:
Podcast O Clima entre Nós: Como funcionam os modelos de previsão do tempo?
Rajadas de vento chegaram aos 121 km/h no Sul do Brasil em 30/6/2020
Tempos difíceis
As dúvidas, diferenças entre simulações numéricas do tempo, ciclones extratropicais bombásticos, bombinhas e normais, a angústia de prever mais chuva sobre lugares que já sofreram danos recentes, a tensão em situações meteorológicas difíceis, a responsabilidade de uma previsão de evento extremo, de usar os termos corretos para não alarmar demais, mas também não deixar de alertar para uma situação de perigo, o alerta para clientes e a população em geral, tudo isto faz parte do dia a dia do meteorologista que trabalha em operação e com a comunicação meteorológica. Não dá para voltar no tempo e corrigir um erro de previsão. É menos pior errar por ter alertado em excesso do que não ter falado nada.
Com a maior disponibilidade e facilidade de acesso a informações meteorológicas, é cada vez maior a quantidade de notícias falsas e interpretações meteorológicas equivocadas, feitas por pessoas irresponsáveis e desqualificadas. Hoje isto é um problema também para os profissionais da Meteorologia que, cada vez mais, precisam vir à público para esclarecer e tentar desfazer os efeitos destas análises inconsequentes.