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A circulação dos ventos nos níveis mais elevados da atmosfera trouxe um pouco da fumaça dos incêndios da Austrália para a América do Sul. A quantidade de fumaça não pode ser comparada ao que se vê nas fotos e vídeos divulgados na imprensa e em rede sociais mostrando os incêndios na Austrália. Os severos incêndios florestais já devastaram quase 5 milhões de hectares de florestas e áreas agrícolas, invadindo também áreas urbanas, deixando a visibilidade comprometida.
Na terça-feira, 7 de janeiro de 2020, o satélite meteorológico GOES 16 capturou a imagem da pluma de fumaça passando sobre o Rio Grande do Sul. A fumaça tem aparência de um véu fino e esbranquiçado, enquanto as nuvens são bem brancas.
Fumaça dos incêndios da Austrália passam sobre o Rio Grande do Sul em 7/1/2020
A fumaça muda o tempo?
A fumaça que chegou ao Rio Grande do Sul pode ser percebida em algumas cidades gaúchas por uma coloração diferente no por-do-dol (mais vermelho, mais alaranjado). Mas não cai fuligem do céu e não há alteração na temperatura e nas condições para chuva.
Em agosto de 2019 houve uma grande transporte de fumaça das queimadas da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e da Amazônia para o Sul do Brasil, áreas do Centro-Oeste e para São Paulo. Por causa da proximidade, a quantidade de fumaça que se espalhou sobre o centro-sul do Brasil foi muito maior e mais densa. Por isso, Muitas pessoas fotografaram o céu amarelado e o sol alaranjado, vermelho, parecendo uma bola de fogo. Foi a interação desta fumaça com a umidade marítima que deixaram as nuvens muito escuras em São Paulo.
Mas o que ocorre agora é a presença de uma camada suave de fumaça em níveis elevados da atmosfera, mas que mesmo assim podem deixar o céu com uma aparência suja.
Foto de Michael Poliseli, Arapongas (PR)
Mais plumas de fumaça devem chegar a América do Sul nesta 4ª F
No dia 7 de janeiro de 2020, uma grande área de fumaça dos incêndios florestais que ocorrem na Austrália foi fotografada sobre o oceano Pacífico pelo satélite meteorológico GOES 17. A Nova Zelândia, país vizinho da Austrália, aparece no extremo esquerdo da foto. O contorno da América do Sul pode ser visto deformado na extrema direita a imagem. A distorção é natural por causa do efeito da curvatura da Terra.
Fig 1: Fumaça de incêndios da Austrália se desloca sobre o Pacífico
Fluxo de vento em níveis elevados da atmosfera
O fluxo de ventos nos altos níveis da atmosfera, em torno de 10 km, continua impulsionando a pluma de fumaça do Pacífico em direção a América do Sul.
Fig 2: Fluxo de ventos em aproximadamente 10 km de altitude previsto para 8/1/2020 leva
mais fumaça dos incêndios da Austrália para a América do Sul
Modelo de dispersão
O vídeo mostra a simulação do deslocamento e intensidade da pluma de fumaça dos incêndios da Austrália. A pluma de fumaça se desloca impulsionada pelos fortes ventos nos níveis elevados (em torno de 10 km) da atmosfera.
A simulação mostrada no vídeo vai até o começo da noite (21h59) de 8/1/2020 e indica que a grande pluma de fumaça que aparece sobre o oceano Pacífico (fig 1) deve continuar se deslocando para a América do Sul e atingir áreas da Argentina e Chile na manhã desta quarta-feira, 8 de janeiro. (créditos do vídeo: Severe Weather Europe/ com animação feita por Andrej Flis (@Recretos) com dados da NASA/GEOS-5