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O início astronômico do verão será no dia 21 de dezembro, às 7h02, pelo horário de Brasília. O verão de 2020/2021 terá a presença do fenômeno La Niña, porém, o padrão de temperatura do oceano Atlântico vai fazer com que a chuva sobre o Brasil não obedeça aos padrões clássicos de um La Niña. Será como se ter uma La Niña “fake”.
Verão com La Niña
O fenômeno La Niña, que é a situação em que a água da parte central do oceano Pacífico Equatorial fica com temperatura abaixo do normal, foi considerado forte em novembro de 2020. A tendência é de o fenômeno se mantenha moderado a forte até o fim do verão 2020/2021. Mesmo assim, o fenômeno não terá uma influência marcante sobre as precipitações de verão. Durante 2020/2021, "será como termos uma La Niña “fake”, diz Filipe Pungirum, um dos analistas de Clima da Climatempo.
Região Niño 3.4, no meio do Pacífico Equatorial Central é onde se analisa a existência de situação de La Niña ou de El Niño. (Região Niño 3.4, no meio do Pacífico Equatorial Central é onde se analisa a existência de situação de La Niña ou de El Niño. O tom azul indica temperatura abaixo do normal (La Niña))
O verão de 2020/2021 será influenciado por um La Niña moderado a forte. Em uma situação clássica, La Niña facilita a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), o que garante muita chuva para porções das Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil. Dependendo do posicionamento de seu eixo central, Bahia e Tocantins também são beneficiados pela chuva da ZCAS.
Ainda considerando uma influência normal de La Niña, o Sul do Brasil tem pouca chuva.
Outros fatores
A ZCAS é um dos principais sistemas meteorológicos que provocam chuva abundante no verão sobre o Brasil. Outro sistema típico do verão é a ZCIT- a Zona de Convergência Intertropical - que traz a chuva volumosa para parte do Norte e principalmente para o norte do Nordeste do Brasil.
O bom desempenho da ZCAS e da ZCIT depende também da temperatura do oceano Atlântico Sul e do Atlântico Norte. O ano de 2020 está sendo de recorde de tempestades nomeadas na bacia do Atlântico Norte porque a temperatura da água do mar está muito acima do normal.
Filipe Pungirum comenta que “durante quase todo o verão 2020/2021, o calor excessivo da porção norte do Atlântico Norte vai fazer com que a ZCIT se posicione, em média, ao norte de sua posição média normal. Isto vai desfavorecer a chuva no verão na porção norte das Regiões Norte e Nordeste do Brasil.”
Enquanto isso, as águas do oceano Atlântico Sul mais quentes do que o normal entre Argentina e o Sul do Brasil vão ajudar a provocar chuva sobre a Região Sul. A passagem das frentes frias aliadas aos fluxos de umidade que vêm do Norte do Brasil devem causar bastante chuva na Região Sul. Este é um exemplo de efeito contrário da La Niña neste verão 2020/2021. Normalmente este fenômeno reduz chuva no Sul do Brasil.
Outro efeito da temperatura abaixo do normal do Atlântico Sul será na organização da ZCAS. Esta configuração vai dificultar a formação do fenômeno depois do mês de dezembro, o que será uma grande diferença em relação ao verão 2019/2020, quando tivemos vários eventos de ZCAS e de outras convergências de umidade que resultaram em muita chuva em grande parte do Sudeste e do Centro-Oeste.
Patricia Madeira, também analista de clima da Climatempo pondera que “no verão 2020/2021, devemos ter algumas convergências de umidade, alguns corredores de umidade do Norte para o Sudeste sobre o Brasil, mas não necessariamente ZCAS. A ZCAS mesmo será pouco provável neste verão. Vamos ter chuva, mas a maior parte das pancadas vai ter caráter isolado e passageiro.” A especialista revela que “as águas de março vão surpreender no fim do verão 2021.