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Uma grande tempestade ocorreu na manhã desta quinta-feira sobre a fazenda Nhumirim, na região do Pantanal, no município de Corumbá em Mato Grosso do Sul, onde a EBRAPA mantém uma unidade de estudos. O volume de chuva acumulado foi extremamente elevado. Em apenas 3 horas, entre 4 horas da madrugada e 7 horas da manhã (hora local) choveu 131,4 mm, pela medição do Instituto Nacional de Meteorologia. Mais da metade da chuva, 74,8 mm, caiu em 1 hora! Apesar da violência da chuva, a estação meteorológica no local não registrou ventania. A rajada máxima foi de 46 km/h entre 5 e 6 horas. Tecnicamente considera-se chuva forte um volume de 20 mm acumulados em 1 hora.
Tempestades como estas são pouco comuns e não ocorrem com frequência nem no verão do Brasil, onde temos chuvas intensas em diversos estados brasileiros quase todos os dias.
As imagens da nebulosidade captadas pelo satélite GOES 16 mostram claramente a evolução e o deslocamento desta forte área de instabilidade sobre noroeste de Mato Grosso do Sul. As manchas em azul escuro representam as nuvens com topos mais elevados e maior potencial para chuva volumosa.
É interessante notar como a massa de nuvens tem um giro no sentido anti-horário entre o Mato Grosso do Sul, a Bolívia, o Paraguai e o Sul do Brasil. O sentido deste giro acompanha os ventos do grande sistema de alta pressão atmosférica chamado de Alta da Bolívia, que é observado em torno de 10 mil metros de altitude.
Alta da Bolívia
A Alta da Bolívia (AB) é um grande sistema de alta pressão atmosférica (circulação anti-ciclônica) que se estabelece com centro sobre este país em torno de 10 mil metros de altitude. Porém, a circulação de ventos da Alta da Bolívia influencia áreas no Brasil, no Peru, Paraguai, norte da Argentina e até o Uruguai. É um dos principais sistemas meteorológicos responsáveis por chuvas abundantes sobre o Brasil durante o verão e é parte da estrutura da Zona da Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).