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Um dos principais reservatórios para abastecimento de água da Grande São Paulo, o Sistema Cantareira, entrou no período normal de estiagem com menos de 50% de armazenamento. A luz “amarela” acendeu indicando atenção! Em 29 de junho de 2018, pela informação da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), o armazenamento no Sistema Cantareira estava em 44% de sua capacidade total. O volume de chuva acumulado em 29 dias foi de apenas 19,5 mm, muito abaixo da média (que já não é alta) para junho que é de 61,1 mm.
Para passarmos o período de estiagem (outono/inverno/ começo da primavera) sem preocupações, o ideal é que o armazenamento estivesse pelo menos em 70%. A situação atual do Cantareira não é crítica como em 2014, quando o nível de armazenamento estava em 20,8% no fim de junho, e muito longe do nível “negativo” como em 2015, quando nível de água em 29/6/2015 estava 9,4% negativos, isto é, na reserva técnica. O que temos agora é uma sinal “amarelo”, de atenção. É um aviso para a população da Grande São Paulo “fechar as torneiras” e aumentar a conscientização para a economia de água.
Período de estiagem
Junho termina com chuva abaixo da média, como foram maio, abril e março, e não há expectativa de chuva volumosa para julho, agosto e nem para setembro. Assim, pelo menos até o fim de setembro, ou até mesmo no começo de outubro, a tendência natural é que o nível do Cantareira continue baixando dia a dia por causa da falta de chuva, da evaporação natural e do consumo.
A perspectiva de que volte a chover com regularidade é só durante a segunda quinzena de outubro!
Armazenamento no Cantareira de janeiro a junho de 2018
Verão ruim
O baixo armazenamento no Cantareira no fim de junho não é culpa da falta de chuva observada em junho, em maio e nem em abril. O problema é que o verão foi “ruim”. Isto significa que a chuva do verão, quando se espera chuva frequente e volumosa, não ocorreu como deveria.
A renovação do armazenamento se faz com a chuva do fim da primavera e do verão (chuva acumulada de novembro a março), que é o período com maior chance de termos chuva volumosa, forte e frequente. A chuva do outono e do inverno é esporádica e em geral fraca; normalmente nestas estações temos mais dias sem chuva do que com chuva. É a chuva do verão que enche reservatórios e represas.
É muito importante que a chuva do verão seja satisfatória e quando isto não ocorre é preocupante, pois tecnicamente não há chance de recuperação do nível com a chuva do outono e do inverno.
O Sistema Cantareira chegou ao fim de janeiro de 2018 com 50% de armazenamento, o número até esperançoso. Mas faltou chuva demais em fevereiro e a chuva de março foi apenas próxima da média. No fim do verão, que na prática é o fim de março, o armazenamento no Cantareira ainda era de 54,2%, um valor baixo para a época. Em uma situação razoavelmente boa, com chuva de verão satisfatória, o nível de água estaria em mais de 60%, como em 2012, quando atingiu 74,2% no fim de março. Este ano, o nível do Cantareira no fim de março estava mais baixo do que na mesma época em 2017 (pós-crise hídrica de 2014/2015) ou no fim de 2013 (pré-crise hídrica).
Armazenamento no Cantareira no fim de março, segundo a SABESP
31/3/2018: 54,2%
31/3/2017: 85,6%
31/3/2016: 36,1%
31/3/2015: 14,7%
31/3/2014: 13,4%
31/3/2013: 62,1%
31/3/2012: 74,2%
Sistema Cantareira em maio de 2013