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A passagem de uma frente fria beneficiou o Sistema Cantareira com um pouco de chuva nos dois últimos dias de julho. Pela medição da Sabesp – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - no começo da manhã de 31 de julho foram contabilizados 10,7 mm. Choveu na divisa de São Paulo com o Sul de Minas Gerais, na região de Extrema, Camanducaia, onde está a represa de Jaguari/Jacareí, a maior e a principal para manter o nível do Cantareira.
Para as dimensões do Sistema Cantareira, 10 mm de chuva em 24 horas representam muito pouco e não são suficientes para elevar o nível de armazenamento. Segundo a Sabesp, o Cantareira o armazenamento no Cantareira estava com 39,6% no começo da manhã de 31 de julho e baixou 0,1% em relação ao dia 30.
Julho seco
O Sistema Cantareira sentiu a secura de julho de 2018 exatamente como quase toda a Região Sudeste do Brasil. No dia 31/7/2018 o total de chuva do mês sobre o Cantareira foi de 11,8 mm e o armazenamento era de 39,6%.
Em julho de 2017 choveu ainda menos, apenas 2,1 mm, mas o armazenamento em 31/7/2017 era de 62,8%, uma situação mais confortável do que a atual.
A falta de chuva em julho ja é normalmente esperada, pois é um mês Climatologicamente de seca, com uma média de chuva baixa.
Situação dos mananciais que abastecem a Grande SP no fim de julho de 2018
Previsão de chuva
Áreas de instabilidade persistem até o fim da semana sobre parte do Sudeste do Brasil e vão beneficiar o Sistema Cantareira com mais chuva. Não há expectativa de chuva generalizada, mas várias pancadas de chuva devem ocorrer até o domingo em diferentes pontos das represas que compõem o Cantareira. Pode até chover com moderada a forte intensidade no fim de semana. Tem condições para chuva também para a próxima semana, até 10 de agosto.
Retorno de bloqueio
A frente fria que chegou ao Sudeste na virada de julho para agosto conseguiu romper um bloqueio atmosférico, mas é uma situação passageira. A circulação de bloqueio deve retornar antes do fim da primeira quinzena de agosto, o que vai fazer a chuva parar novamente.
A expectativa é de que após o dia 10 de agosto, as frentes frias voltem a ser desviadas para o mar na altura de Santa Catarina e do Paraná dificultando muito a passagem de áreas de instabilidade sobre as represas do Cantareira.
A meteorologista Patricia Madeira, uma das especialistas em previsão climática da Climatempo, alerta que “o novo bloqueio vai persistir até o fim de setembro. Por isso, depois de 10 de agosto, não devemos ter mais eventos de chuva ampla sobre o Sudeste como ocorre agora no início do mês. “
El Niño é fator de risco o próximo verão
É possível que se observe uma alguma elevação do nível de armazenamento do Cantareira nos primeiros 10 dias de agosto, mas isto não significa sair do quadro de seca.
O Sistema Cantareira está e deve continuar no sinal amarelo de “atenção” por vários meses ainda. “Sempre é hora de economizar água, mas agora é para “fechar a torneira”, mesmo, porque a chuva regular vai demorar para chegar”, completa Patricia Madeira.
A perspectiva do verão 2018/2019 ser com um El Niño é um importante fator de risco que aumenta o temor de não chover o suficiente para que o nível do Cantareira chegue a um patamar confortável no fim do período úmido, em abril de 2019. Sob a influência do El Niño, a chuva vira um jogo de dados: a garantia de cair no lugar certo diminui muito.
Confira alguns efeitos esperados do El Niño na chuva da primavera 2018