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Um vórtice ciclônico de alto níveis (VCAN) e um ciclone extratropical atuam na costa do Brasil esta semana. Os dois sistemas são áreas de circulação ciclônica (sentido horário) de ventos, associados com baixa pressão atmosférica, mas observados em altitudes completamente diferentes, um na atmosfera superior e outro em superfície e em níveis de baixa altitude. Por causa de seus posicionamentos nos próximos dias, o VCAN estimula a chuva sobre o Nordeste. A passagem do ciclone extratropical ajuda a deixar o ar mais seco sobre o Sul do Brasil.
Ciclone extratropical na costa do Sul do BR
O ciclone extratropical pode ser identificado pela nebulosidade espiralada que aparece sobre o mar, na costa da Região Sul. Os ventos do ciclone giram no sentido horário e convergem para o centro de baixa pressão atmosférica (B) e “retirando” umidade de áreas próximas e levando para o centro de baixa pressão atmosférica.
É muito comum termos áreas secas, ensolaradas e quentes próximas de um ciclone extratropical. A presença deste ciclone na costa do Sul do Brasil ajudou a Região a ficar mais seca nesta quarta-feira, 5 de dezembro. O Instituto Nacional de Meteorologia registrou menos de 20% de umidade relativa do ar em alguns locais do Paraná. Em Curitiba, a umidade relativa do ar (ura) chegou a 18% e em São Mateus do Sul, a 16%.
Vento forte e ressaca no mar
A passagem do ciclone extratropical pelo mar também provocou rajadas de vento moderadas a fortes no interior e no litoral. O INMET registrou 64 km/h em Bom Jardim da Serra (SC), 60 km/h em Torres (litoral norte do RS), 59 km/h em São José dos Ausentes (serra do RS).
Os ventos fortes provocados pelo ciclone extratropical deixaram o mar agitado e por isso tem risco de ressaca nesta quinta-feira em áreas do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Confira o alerta da Marinha do Brasil
AVISO NR 1036/2018
AVISO DE RESSACA (entre 6/12/18 19h (Brasília) até 13h de 8/12/18)
EMITIDO ÀS 1400 HMG -QUA- 05/DEZ/2018
RESSACA ENTRE RIO GRANDE (RS) E FLORIANÓPOLIS (SC) A PARTIR DE 062100 HMG. ONDAS DE S/SE 2.5 METROS.
VÁLIDO ATÉ 081500 HMG.
Nas próximas 48 horas, até a noite da sexta-feira, 7 de dezembro, este ciclone extratropical se afasta cada vez mais do Sul do Brasil. O ar frio de uma alta pressão (A) de origem polar passa a predominar sobre a Região mantendo as condições de ar seco, com baixas temperaturas à noite e no começo da manhã e temperaturas relativamente altas à tarde.
VCAN na costa do Nordeste
O VCAN - vórtice ciclônico em altos níveis - é uma região de circulação ciclônica de ventos (sentido horário) observada na alta atmosfera, em torno de 10 mil metros de altitude. É um sistema meteorológico típico do verão e tem muita influência no aumento e na diminuição de áreas de instabilidade em particular sobre o Nordeste do Brasil. Mas dependendo de sua posição, pode influenciar outras regiões do país.
O centro do VCAN está associado com pouca instabilidade, com diminuição da nebulosidade e das condições para chuva. Quando o centro deste vórtice fica no mar, próximo da costa do Nordeste, como acontece nesta semana, os ventos mais persistentes nas áreas mais afastadas do centro do VCAN instabilizam a atmosfera, favorecendo o aumento da nebulosidade e da chuva.
Desde o início desta semana estão ocorrendo fortes pancadas de chuva sobre o Nordeste, principalmente pelo interior dos estados. Choveu forte até no sertão nordestino. Na quarta-feira, 5 de dezembro, o Instituto Nacional de Meteorologia registrou estas fortes pancadas de chuva principalmente em áreas do Piauí, Maranhão e Bahia. Mas na terça-feira, 4, choveu forte no interior do Ceará e no sertão de Alagoas e de Pernambuco.
Em apenas 1 hora, o INMET registrou 45,0 mm em Gilbués (PI), 36 mm em Pão de Acúçar (AL), 25,4 mm em Guanambi (BA).
Nas próximas 48 horas, até a sexta-feira, 7 de dezembro, o centro do VCAN deve se deslocar aproximando-se mais do Nordeste. Isto vai fazer com que as áreas de instabilidade enfraqueçam. Mas na sexta-feira, 7 de dezembro, outra frente fria chega ao litoral sul da Bahia e vai intensificar novamente as áreas de instabilidade no fim de semana sobre várias regiões do Nordeste.