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No dia 5/1/19 o nível de armazenamento do Sistema Cantareira alcançou os 40%. Pelas regras de captação estabelecidas pela ANA (Agência Nacional das Águas) em julho de 2017, o Cantareira saiu da situação de alerta e foi para faixa de atenção. No começo da manhã de 11 de janeiro, o nível de armazenamento já havia subido um pouco mais e estava em 41,4%.
O volume de chuva acumulado em 24 horas foi de 1,0 mm. O total acumulado no mês estava em 95,4 mm, que representam cerca de 36% da média de chuva normal de janeiro, que é de aproximadamente 263 mm.
Mas com as condições meteorológicas previstas para os próximos 15 dias, a tendência de elevação do nível de armazenamento pode não se manter e o Cantareira pode voltar para o alerta ainda em janeiro.
Regras para captação de água
No fim de julho de 2017, a ANA estabeleceu regras para a captação de água do Cantareira, que foram divididas em 5 situações: normal, atenção, alerta, restrição e situação especial.
O último mês que fechou com situação de atenção foi junho de 2018, com nível de armazenamento em 43,8%. O último mês que terminou em situação normal foi julho de 2017, quando nível de armazenamento alcançou 62,8%.
Entenda as regras de captação de água do Sistema Cantareira, de acordo com a ANA
Faixa |
situação operacional |
armazenamento |
retirada de água |
1 |
normal |
maior ou igual a 60% |
33 mil l/s |
2 |
atenção |
menor do que 60% e maior ou igual a 40% |
31 mil l/s |
3 |
alerta |
menor do que 40% e maior ou igual a 30% |
27 mil l/s |
4 |
restrição |
menor do que 30% e maior ou igual a 20% |
21 mil l/s |
5 |
especial |
abaixo de 20% |
15,5 mil l/s |
Chuva de 2018
Janeiro de 2018 foi com chuva volumosa, o melhor mês do ano, com 276,7 mm acumulados, sendo a média de 263 mm, aproximadamente. O armazenamento era de 50% em 31 de janeiro de 2018.
A chuva regular dos meses de outubro, novembro e dezembro foi muito importante para garantir a elevação do nível de água armazenada fazendo com que o Cantareira saísse da faixa de alerta nos primeiros dias de janeiro de 2019.
Chuva 2018 (mm) |
média histórica (mm) |
% da média |
|
jan |
278 |
263 |
6 |
fev |
95 |
203 |
-53 |
mar |
162 |
179 |
-9 |
abr |
22 |
87 |
-75 |
mai |
14 |
79 |
-82 |
jun |
20 |
61 |
-67 |
jul |
12 |
49 |
-76 |
ago |
73 |
34 |
115 |
set |
53 |
87 |
-39 |
out |
193 |
129 |
50 |
nov |
132 |
162 |
-19 |
dez |
179 |
219 |
-18 |
anual |
1233 |
1552 |
-21 |
Dif da média |
-319 |
Mesmo assim, o ano de 2018 terminou devendo pouco mais de 300 mm de chuva para o Sistema Cantareira, o que é mais do que a média de chuva de um janeiro. Choveu aproximadamente 1233 mm, 21% abaixo da média anual que fica em torno de 1550 mm.
O grande culpado por esta diferença foi o mês de fevereiro, que é normalmente um mês de com chuva regular, mas terminou com 53% de chuva abaixo da média histórica.
Chuva sobre o Sistema Cantareira em 2018
No dia 31 de dezembro de 2018, o nível de armazenamento no Cantareira estava em 39,5%.
Janeiro ruim?
Desde o início de 2019 choveu um pouco todos os dias sobre a área de captação do Sistema Cantareira, mas os volumes diários foram quase sempre pequenos, abaixo dos 10 mm. Choveu forte apenas entre os dias 4 e 5 de janeiro acumulando 44,5 mm e entre os dias 8 e 9 de janeiro, com 20,2 mm acumulados.
Tem previsão de pancadas de chuva sobre o Sistema Cantareira nos próximos 15 dias, mas que não devem ter grande volume diário. Um fator que vai continuar pesando contra a elevação do nível de armazenamento é o excesso de calor, que aumenta a perda de água por evaporação natural.
Nos próximos 15 dias teremos mais sol do que chuva sobre a região das bacias hidrográficas que alimentam o Cantareira e a chuva que cair não deve compensar a perda por evaporação.
Até por volta dos dias 22 ou 23 de janeiro, a circulação de ventos sobre o Brasil não estará favorável para a formação de um canal de umidade entre as Regiões Norte e Sudeste, que permita a organização e permanência de grandes áreas de instabilidade sobre a região do Cantareira. São estas áreas de instabilidade que podem provocar chuva frequente e volumosa, que deixam o céu com muitas nuvens, o que ajuda a diminuir a evaporação.
Ainda que estejamos no começo de janeiro de 2019, o que se viu até agora não foi muito animador para garantir que o mês termine com um volume de chuva acima da média. A expectativa de pouca chuva e muito calor (aumento da evaporação) nos próximos 15 dias será um "balde de gelo" na tendência de elevação do armazenamento. O mais provável é que o nível de armazenamento estacione e até volte a baixar para menos de 40%, voltado para a situação de alerta.
Tendência para fevereiro
Graziella Gonçalves, uma das meteorologistas da equipe de previsão climática da Climatempo alerta sobre a chuva de janeiro de 2019 no Cantareira: “A chuva deve voltar a ganhar força apenas na última semana do mês, mas mesmo assim o mês de janeiro pode terminar com um total de chuva abaixo da média. O calor continua ao longo de todo o mês e o consumo tende aumentar bastante.”
Sobre as perspectivas de chuva fevereiro de 2019, Graziella comenta: “Os modelos climáticos indicam, por enquanto, que a primeira quinzena de fevereiro terá chuva dentro a ligeiramente acima da média. Mas a segunda ainda não está tão bem definida e ainda podemos manter risco para diminuição de chuva. Portanto, janeiro não faz o Cantareira subir e fevereiro pode até fazer o armazenamento subir no início do mês, mas não deve ser assim nas demais semanas.”