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Diferente do verão passado, quando sobrou calor e faltou chuva, o verão 2019/2020 trará chuva generalizada e volumosa para quase todas as regiões do Brasil.
A primeira quinzena de dezembro na cidade paulista de Campos do Jordão, na serra da Mantiqueira, terminou com uma grande deslizamento de terra que deixou 4 vítimas fatais. Em Belo Horizonte, a enxurrada provocada pela chuva forte também fez uma vítima.
Infelizmente estas tragédias são apenas as primeiras desde verão que está começando. Oficialmente o verão 2019/2020 começa na madrugada do dia 22 de dezembro, à 1h19min, pelo horário de Brasília, e termina também no início da madrugada do dia 20 de março de 2020, à 00h50min. Várias características da estação começaram a surgir já em novembro, que foi um mês de muita chuva em vários estados do Norte, do Centro-Oeste e do Sudeste, em particular no Espírito Santo.
Nem El Niño, nem La Niña
O verão 2019/2020 será um verão sem El Niño e também sem La Niña, fenômenos oceânicos-atmosféricos que ocorrem na porção central e leste do oceano Pacífico Equatorial, e que, quando se manifestam, interferem na chuva e na temperatura do Brasil e de outros países da América do Sul
Tecnicamente dizemos que o verão 2019/2020 será com uma situação de neutralidade no Pacífico Equatorial.
Temperatura do Atlântico tem maior importância
O temperatura da água do oceano Atlântico, especialmente do Atlântico Sul, que banha toda costa leste do Brasil, do Uruguai e da Argentina, terá maior peso no comportamento da chuva e da temperatura sobre o Brasil no verão 2019/2020.
A meteorologista Patricia Madeira, da equipe de previsão climática da Climatempo explica que “houve grande resfriamento na maior parte do Atlântico Sul entre a costa de Santa Catarina e do Rio De Janeiro. Nesta situação, as frentes frias se tornam mais lentas e com maior potencial de chuva no continente. No verão, essa é uma situação bastante favorável para a formação de ZCAS.”
A ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul - é um dos principais sistemas meteorológicos do verão no Brasil. Quando ocorre, é responsável por grande parte do total de chuva da estação em particular nos estados do Sudeste e do Centro-Oeste.
Patricia faz outra observação importante para o verão 2019/2020: “o ponto de parada das frentes frias está no Rio de Janeiro (descontinuidade de TSM - temperatura superficial da água do mar), facilitando a ocorrência de chuva no Sudeste.”
Outro fator importante no verão 2019/2020 será a fase negativa do dipolo do Atlântico. Patricia Madeira explica: “a fase negativa é quando o Atlântico Sul fica mais quente em relação ao Atlântico Norte, na costa norte do Brasil. Neste caso a ZCIT desce mais e provoca mais chuva no norte do Nordeste e norte da Região Norte."
A ZCIT - Zona de Convergência Intertropical - é um dos principais fenômenos meteorológicos que atuam no verão da América do Sul, e é responsável pela maior parte da chuva da estação em grande porções das Regiões Nordeste e Norte do Brasil.
Foto de Donan Ramak, Itamonte (MG)
Um verão complicado na Região Sudeste
O verão 2019/2020 promete mais chuva do que o normal para a maioria das áreas da Região Sudeste do Brasil. Mas temos que sempre que lembrar que a chuva de janeiro e fevereiro vai cair sobre solos que já estão com bastante água acumulada, por causa da chuva volumosa da segunda metade da primavera de 2019. A chuva no centro-sul de Minas Gerais, sobre o Rio de Janeiro, Espírito Santo e norte de São Paulo e a Mantiqueira, começou a cair com maior frequência e forte em novembro e agora prossegue neste mês de dezembro.
Temos um verão com grande chance de formação de ZCAS em janeiro e em fevereiro. Mas a chuvarada começou mais cedo, do meio para o fim da primavera e então, podemos pensar em um verão com maior chance de deslizamentos de encostas, maior número deste tipo de evento no Sudeste e começando mais cedo. No verão passado faltou chuva e não tivemos grandes problemas no interior do Sudeste. Os problemas de chuvarada foram no litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro e na Serra do Mar.
Mais chuva para o Nordeste
Com a temperatura da água do Atlântico favorável para aproximar a ZCIT do Brasil e com grande chance de formação de ZCAS, a chuva do verão 2019/2020 volta a cair com fartura sobre o Nordeste. A tendência é de chuva acima da média na Região, de forma geral. A ZCAS vai aumentar a chuva sobre a Bahia.
A atuação da ZCIT será mais notável em fevereiro.
Um verão com pouca chuva no Sul do BR
A Região Sul do Brasil deve ser a menos favorecida com chuva no verão 2019/2020 e a estação deve terminar com chuva abaixo da média. Esta é uma má notícia para a Grande Florianópolis que desde meados de 2019 registra problemas com o abastecimento de água.
Patricia Madeira comenta que “não há sinal de bloqueio atmosférico para o verão 2019/2020, mas as frentes frias e as pancadas de chuva, típicas de verão, serão menos frequentes sobre o Sul do Brasil.”
Chuva farta em quase todo o Centro-Oeste
Grande parte do Centro-Oeste terá “invernada” neste verão. Com a expectativa de formação da ZCAS - Zona de Convergência do Atlântico Sul -, o verão 2019/2020 promete muita chuva para o Mato Grosso, Goiás e para o Distrito Federal.
Os dias de muita nebulosidade e chuva associados com a atuação da ZCAS são chamados popularmente de “invernada” pelos agricultores o Centro-Oeste.
Em Mato Grosso do Sul, o excesso de calor deve ser notado neste verão.
Verão com chuva no Norte do Brasil
Com expectativa de maior atuação da ZCIT e a de formação de ZCAS, a chuva do verão 2019/2020 deve ficar dentro ou acima da média em vários estados da Região Norte. O Tocantins devem ser especialmente beneficiado com chuva volumosa.