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A Zona de Convergência do Atlântico Sul, ZCAS na forma usualmente abreviada, é o principal sistema meteorológico do verão no Brasil responsável por um período prolongado de chuva frequente e volumosa sobre parte das Regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.
Em muitas áreas do Sudeste e do Centro-Oeste, o elevado volume de chuva produzido durante a atuação da ZCAS, que em média atua por um período de 4 a 10 dias, pode representar grande parte da chuva do trimestre mais chuvoso do ano.
Quando a ZCAS se forma, uma extensa faixa de nuvens carregadas persiste sobre o Brasil por vários dias consecutivos, cruzando o país sobre parte da Região Norte, do Centro-Oeste e do Sudeste.
A imagem abaixo captada pelo satélite GOES mostra uma típica nebulosidade de ZCAS sobre o Brasil. Repare na extensa área de nuvens (manchas azuis, verdes, brancas e amareladas) que corta o Brasil sobre os estados do Centro-Oeste e do Sudeste e que se prolonga pelo oceano, na costa da Região Sudeste.
ZCAS em meados de janeiro de 2016
2024 começou com a Zona de Convergência do Atlântico Sul atuando sobre o Brasil
A Zona de Convergência do Atlântico Sul é uma grande e prolongada zona de convergência de umidade sobre o Brasil resultado da interação da circulação de ventos de vários sistemas meteorológicos que atuam ao mesmo tempo: frente fria na costa do Sudeste, Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) no Nordeste, sistema de baixa pressão atmosférica ( circulação ciclônica, horária) que se forma em torno de 10 km de altitude, a Alta da Bolívia, grande sistema de alta pressão atmosférica (circulação anticiclônica, anti-horária) que se estabelece em torno de 10 mil metros de altitude, e também a presença de um cavado atmosférico (ondulação na circulação de ventos no sentido horário) em médios níveis da atmosfera, em torno de 5 mil metros de altitude.
Circulação de ventos da Alta da Bolívia e de um VCAN formam a ZCAS
ZCAS, El Niño e La Niña
Fenômenos de escala global como El Niño e La Niña interferem na formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul. As mudanças na circulação dos ventos em diversos níveis da atmosfera causadas pelo aquecimento (El Niño) ou pelo resfriamento (La Niña) anormal das águas do oceano Pacífico Equatorial Central e Leste dificultam ou facilitam a organização da ZCAS sobre o Brasil.
De forma geral, em anos de El Niño, a formação da ZCAS é dificultada, mas isto não significa que o fenômeno não ocorre. O El Niño dificulta a organização da Alta da Bolívia, que é um sistema básico para formação de uma ZCAS.
A La Niña, em geral, facilita a organização da ZCAS. A situação de neutralidade no Pacífico Equatorial centro-leste, isto é, sem El Niño e sem La Niña, também favorece a formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul
Posicionamento da instabilidade
A ZCAS é uma conexão entre frentes frias no oceano e a extensas áreas de instabilidade sobre o interior do Brasil. Porém, a posição das áreas de chuva pode variar sobre o país. A atuação da ZCAS não é igual de um ano para o outro, não ocorre sempre sobre as mesmas regiões.
A grande faixa de instabilidade sobre o interior do Brasil pode se formar numa posição mediana (1) sobre o Sudeste e o Centro-Oeste fazendo com que a chuva seja bem distribuída por praticamente todas as áreas destas Regiões, atingindo também vários estados da Região Norte, como o Amazonas, Rondônia e Acre.
Quando o eixo da ZCAS se posiciona mais ao norte (2), a chuva persistente cai preferencialmente sobre o Espírito Santo, sobre o norte de Minas Gerais, Bahia, Tocantins, parte do Pará, sul do Amazonas, norte de Goiás, Distrito Federal e no centro-norte de Mato Grosso.
Nesta situação, a chuva é menos frequente no centro-sul e oeste de São Paulo e em Mato Grosso do Sul.
Esquema de variação de posição das áreas de instabilidade da ZCAS
A terceira posição (3), quando o eixo da ZCAS fica mais ao sul de sua posição média normal, a chuva mais frequente ocorre sobre São Paulo, o centro-sul do Rio De Janeiro e de Minas Gerais, sul de Goiás, de Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e também atinge o Paraná.
Em algumas situações excepcionais, a chuva da ZCAS pode avançar mais sobre a Região Sul do Brasil atingindo até Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul.