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Após vários países aderirem à quarentena para diminuir a propagação do novo coronavírus, os satélites em órbita estão percebendo algumas mudanças na Terra, consequentes à redução da atividade humana no planeta.
De forma mais específica, à medida que as pessoas têm seguido as orientações para ficarem em casa, os instrumentos em órbita têm observado redução nas emissões de gases, poluição e iluminação noturna.
Em Wuhan, na China, o epicentro da pandemia, por exemplo, a primeira morte registrada por COVID-19 ocorreu em meados de janeiro. A quarentena foi aderida no local no fim daquele mês.
Imagens de satélite registradas à noite em meados de janeiro e início de fevereiro mostram os efeitos da quarentena na cidade chinesa de origem da pandemia. Nos registros, é possível notar uma redução expressiva da iluminação noturna nas estradas, uma vez que o transporte de pessoas e mercadorias diminuiu drasticamente.
Wuhan, China, luz noturna em 19/1/2020
Whuan, China, luz noturna em 4/2/2020
Em comunicado divulgado pela NASA, o principal pesquisador da "Black Marble"(1), Miguel Román, afirmou que esse tipo de imagem é essencial para a equipe saber quando e se as estradas estão sendo utilizadas. “Estamos observando as atividades humanas”, afirmou.
As medidas de quarentena da China também resultaram em mudanças na atmosfera. De acordo com observações de satélite, os níveis de monóxido de carbono na troposfera de Wuhan e Pequim caíram cerca de 10%, desde que as medidas restritivas foram decretadas.
O grande resultado disso, além da contenção da pandemia, foi a mudança na atividade humana. Da mesma forma, na Europa e nos EUA, os satélites observam que as emissões de dióxido de nitrogênio e de poluentes já estão mudando.
Um satélite que em particular é muito bem adequado para esse tipo de observação é o Copernicus Sentinel-5P, parte de uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA) que reúne dados sobre as emissões de dióxido de nitrogênio e outros compostos importantes que afetam
o Clima e a saúde humana. Embora os níveis desse gás na atmosfera mudem conforme o clima, a média das medições em uma ou duas semanas é capaz de remover os efeitos meteorológicos, o que dá aos cientistas uma visão precisa de como as emissões estão mudando.
"As características especiais do satélite Copernicus Sentinel-5P, com sua alta resolução espacial e capacidade precisa de observar traços de gases, permitem gerar do espaço medições únicas de concentração de dióxido de nitrogênio", afirmou Claus Zehner, gerente da missão da ESA Copernicus Sentinel-5P, em comunicado.
As imagens abaixo mostram a mudança na concentração de dióxido de nitrogênio comparando o período de 10 dias entre 14 e 25 de março de 2020 e a média observada em março de 2019. Quanto mais intenso o vermelho, maior é a concentração.
Concentração de dióxido de nitrogênio na Espanha em março de 2019
Concentração de dióxido de nitrogênio na Espanha entre 14 e 25 de março de 2020
Itália: comparação da concentração de dióxido de nitrogênio entre 14 e 25 de março de 2020
e a média observada em março de 2019
França: comparação da concentração de dióxido de nitrogênio entre 14 e 25 de março de 2020
e a média observada em março de 2019
(1) - tipo de tratamento de imagens de satélite baseado na análise da iluminação artificial feita pelos seres humanos na superfície da Terra. Atualmente, as imagens do tipo Black Marble são muito importantes para a pesquisa sobre poluição leve, pesca ilegal, incêndios, impactos e recuperação de desastres, assentamentos humanos e infraestruturas de energia associadas.
O site de notícias ambientais Earther compilou imagens de satélite registradas mensalmente em um mapa interativo, que permite comparar as emissões de dióxido de nitrogênio no local de sua escolha à medida que a pandemia se espalhou. Para acessá-lo, clique aqui.
Tradução e adaptação de Amanda Sampaio, do conteúdo publicado no site Space.com.