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Neste 1 de abril, o projeto O Clima que Queremos desmonta as 5 maiores mentiras sobre mudanças climáticas que circulam na internet em todo o mundo, segundo ranking do projeto Skeptical Science. Ao contrário do que diz o ditado, essas mentiras têm perna longa, estão há anos circulando em sites e redes de relacionamento e ajudam a confundir as pessoas sobre uma das maiores crises globais de todos os tempos.
“O Clima já mudou no passado”
Não é verdade; é pós-verdade: “O clima está sempre mudando. Tivemos eras glaciais e períodos mais quentes. A idade do gelo ocorreu em um ciclo de cem mil anos nos últimos 700 mil anos, e houve períodos anteriores que parecem ter sido mais quentes do que o atual, apesar dos níveis de CO2 serem mais baixos do que são agora. Em muitos desses momentos, os humanos sequer existiam”.
A história acima é hoje a explicação fake mais usada pelos negacionistas. Os gases de efeito estufa — principalmente dióxido de carbono (CO2), mas também o metano — estiveram envolvidos na maioria das mudanças climáticas do passado da Terra. Quando eles foram reduzidos, o clima global se tornou mais frio. Quando eles foram aumentados, o clima global se tornou mais quente. Quando os níveis de CO2 saltaram rapidamente, o aquecimento global foi altamente perturbador e algumas vezes causou extinções em massa. Os seres humanos hoje estão emitindo quantidades prodigiosas de gases de efeito estufa a um ritmo mais rápido do que as mudanças climáticas mais destrutivas do passado da Terra.
Portanto, sim, o clima mudou antes dos seres humanos e, na maioria dos casos, os cientistas sabem o porquê. Em todos os casos, vemos a mesma associação entre os níveis de CO2 e as temperaturas globais. E os exemplos passados de emissões rápidas de carbono (como hoje) foram, em geral, violentamente destrutivos para a vida no planeta.
“O aquecimento global é causado pelo Sol”
Uma fábula celestial: “Nos últimos cem anos, houve um aumento constante do número de manchas solares, na época em que a Terra estava ficando mais quente. Os dados sugerem que a atividade solar está influenciando o clima global fazendo com que o mundo se aqueça”.
Essa mentira é um clássico dos negacionistas. Tanto que a Agência Espacial dos EUA, a NASA, criou um site para informar corretamente sobre o assunto. A verdade é que nos últimos 35 anos o Sol tem mostrado uma tendência de resfriamento. No entanto, as temperaturas globais continuam a aumentar. Se a energia do Sol está diminuindo enquanto a Terra está aquecendo, então o Sol não pode ser o motivo do aumento da temperatura. Confira no site da NASA o gráfico que mostra essa falta de conexão entre as duas coisas clicando aqui.
“O aquecimento global pode até ser bom”
100% conversa fiada: “O aquecimento global será bom para a humanidade. Menos mortes devido ao frio, regiões mais habitáveis, benefícios para agricultura. Isso é bom. O aquecimento ajuda os pobres”.
Embora o CO2 seja essencial para o crescimento das plantas, toda a agricultura depende também do abastecimento constante de água, e a mudança climática afeta esse suprimento por meio da intensificação de enchentes, secas e incêndios. Tem sido sugerido que regiões como a Sibéria passarão a ser agricultáveis devido ao aquecimento global, mas a quantidade de luz solar que chega ao solo no verão não mudará porque é governada pela inclinação da terra. Para as regiões tropicais, processos de desertificação serão extremamente desafiadores para a produção de alimentos.
O aquecimento global também torna mais frequentes as ondas de calor, que são especialmente perigosas para os idosos, ao mesmo tempo que favorecem a reprodução de mosquitos transmissores de doenças. Enquanto isso, o nível dos oceanos será elevado pelo derretimento das calotas polares, afetando cidades costeiras, como já ocorre em Recife (PE), e ameaçando territórios de países formados por ilhas, como o Reino Unido. O aquecimento também provoca a acidificação dos oceanos, que ameaça a vida marinha e, por consequência, os estoques pesqueiros.
Os impactos econômicos desses desdobramentos são avassaladores. Uma pesquisa recém-divulgada aponta que a esmagadora maioria dos economistas com algum conhecimento sobre clima concorda que o custo de evitar a catástrofe será muito inferior ao custo de diminuir as emissões de gases do efeito estufa. Ou seja, a mudança climática não será boa para ninguém, e será ainda pior para os países mais pobres e para os mais pobres dentro desses países.
Não existe consenso científico
É balela em cima de lorota: “Cientistas (ou um cientista de uma importante universidade) afirmam que não há provas convincentes de que a liberação de dióxido de carbono por ação humana causará um aquecimento catastrófico da atmosfera da Terra”
Consenso em ciência é diferente de um consenso político. Não há votação. Os cientistas simplesmente desistem de discutir porque o peso da evidência consistente é muito convincente. Ou seja, os cientistas mudam de ideia com base nas evidências, e um consenso emerge com o tempo. Os estudiosos não apenas param de discutir, mas também começam a confiar no trabalho uns dos outros. Toda ciência depende do conhecimento que já foi obtido anteriormente, e quando um cientista se baseia no trabalho de outro, ele faz esse reconhecimento por meio de citações. Os trabalhos que formam a base da ciência da mudança climática são citados com grande frequência por muitos outros cientistas, demonstrando que a teoria é amplamente aceita.
Um grupo de pesquisadores fez um estudo para medir o nível do consenso científico sobre as mudanças climáticas. Eles descobriram que algo entre 90% e 100% concordam que os humanos são responsáveis pela mudança climática, um resultado consistente com estudos anteriores que indicam 97% de consenso entre cientistas de todo o mundo. Segundo a pesquisa, quanto maior é o nível de especialização dos pesquisadores analisados, mais próximo de 100% fica o consenso.
Está esfriando
Ahh, pronto! “O aquecimento global parou e um resfriamento está começando. Nenhum modelo climático previu um resfriamento da Terra - muito pelo contrário. E isto significa que as projeções do clima futuro não são confiáveis”.
A questão da parada do aquecimento global é frequentemente levantada diante de um evento meteorológico - uma grande nevasca ou secas prolongadas diminuindo as chuvas em regiões em que a temporada chuvosa representa o tempo frio. O aquecimento global é inteiramente compatível com esses eventos, afinal de contas, eles são apenas meteorológicos. Para a mudança climática, são as tendências de longo prazo que são importantes, medidas ao longo de décadas ou mais. E essas tendências de longo prazo mostram que o globo está, infelizmente, aquecendo aceleradamente.
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