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A irregularidade das chuvas está afetando as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A escassez hídrica é uma grave ameaça ao abastecimento da população e também para as atividades agropecuárias, que são extremamente consumidoras de água. Mas além da seca nas torneiras e nos campos, no Brasil, a falta de chuvas pode também significar risco de apagão.
Esse risco existe porque a principal fonte de energia no Brasil é a hidrelétrica, e os reservatórios dependem de chuva regular para manter seus níveis de produção. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a seca deve continuar pressionando a geração de energia até pelo menos 2022.
Durante muitos anos, a única forma de prevenir o risco de apagão em anos de pouca chuva era apelar para as usinas termelétricas, movidas a carvão, óleo ou gás. Essas usinas são menos eficientes, e a prova disso é que a conta de luz sobe muito quando elas são mais usadas. Além disso, as termelétricas poluem o ar do entorno onde estão instaladas, causando impacto à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente das comunidades próximas. As energias fósseis são também a maior fonte de gases causadores do efeito estufa, principais culpados pelo aquecimento global.
A boa notícia é que essa dependência acabou. Quer dizer, pelo menos naquilo que tem a ver com ciência, tecnologia e mercado. Fontes renováveis de energia, que até o início deste século tinham custo exorbitante e impensável para a produção em grande escala, como a energia do sol e a do vento, já são mais competitivas do que as fósseis, principalmente em países como o Brasil.
Em 2020 a energia solar cresceu 70% no Brasil, com destaque para a energia solar distribuída, que são as placas solares que produzem energia no lugar em que ela será consumida, ou seja, no telhado de uma casa, escola ou empresa. Quem opta por essa fonte de energia quer economizar na conta e garantir a regularidade no fornecimento.
Um exemplo é o Mercado Municipal do Rio De Janeiro, que instalou placas solares em 2018 e afirma ter economizado 39% nas despesas com energia elétrica — cerca de R$140 mil reais por mês.
Enquanto isso, a energia do vento disputa com o gás desde 2019, megawatt a megawatt, a posição de segunda maior fonte de eletricidade, atrás apenas das hidrelétricas. O estado da Bahia lidera, com mais de 30% da oferta de energia eólica do país, e o setor já emprega mais de 200 mil pessoas no Brasil.
Se por um lado o crescimento das renováveis é consistente, a crise econômica causada pela pandemia fez com que a demanda por energia no Brasil despencasse. Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS), essa queda na demanda seria suficiente para eliminar da matriz elétrica as termelétricas a carvão — as que mais dependem de subsídios do governo federal, as que mais poluem e as que mais contribuem para encarecer a conta de luz.
Mas diante da escassez hídrica, que ameaça as hidrelétricas, nossa maior fonte de energia, seria prudente desligar qualquer usina de energia, mesmo as mais ineficientes?
Na opinião de especialistas, o setor elétrico brasileiro precisa ser discutido tecnicamente para eliminar a dependência de usinas termelétricas poluentes e caras e impulsionar as fontes solar e do vento. Isso daria segurança ao sistema nacional sem o impacto que as usinas fósseis têm para o consumidor e para o ambiente. Esse replanejamento é necessário porque a irregularidade das chuvas é um problema que poderá ocorrer muitas outras vezes.
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