Oferecido por
Foto:
Por Larissa Magalhães/O Mundo Que Queremos
Com a crise climática global, a busca por alternativas e hábitos sustentáveis se torna cada dia mais fundamental para mais pessoas e mercados. Em 2020, a Global Fashion Agenda lançou o relatório Fashion on Climate, que demonstrou os impactos da indústria da moda no Clima mundial.
Segundo o relatório, as emissões de gases de efeito estufa desse segmento variam de 3% a 10% do total global e 43% do potencial de redução da emissão desses gases pode se dar pela descarbonização da produção e melhoria da eficiência de processos, como os de fiação e tecelagem.
Foi pensando na redução desses impactos que a estilista têxtil Thamires Pontes, uma paraibana que trabalha como agente internacional de tecido, resolveu desenvolver uma fibra têxtil orgânica e biodegradável feita a partir de um polímero, o ágar, extraído de algas vermelhas, abundantes no Nordeste brasileiro. Polímeros são macromoléculas resultantes da união de muitas unidades de moléculas pequenas (monômeros). Este, especificamente, já é muito usado em outras indústrias, como a alimentícia e a de cosméticos.
A ideia nasceu no mestrado de Thamires em Têxtil e Moda, na Universidade de São Paulo (USP). Durante a pesquisa, a produção da fibra com o ágar e solventes orgânicos gerou bom resultado físico-químico.
A fibra se mostrou resistente e, pela semelhança na aparência com fios de náilon e poliéster, tem potencial para substituir fibras derivadas de petroquímicos não renováveis, que são prejudiciais para o meio ambiente.
Além de ter um baixo valor de mercado, as fibras de ágar são de fácil fabricação, não usam grandes quantidades de recursos naturais como a água, são compostáveis e o seu descarte é consciente. A alga vermelha, de onde o polímero para a produção da fibra é extraído, não precisa ser arrancada da raiz para ser usada. Ela é apenas aparada e três meses depois volta a crescer.
Fibra de ágar-ágar em diferentes formas
Agora, o projeto busca incentivo e financiamento para viabilizar testes de uso em escala industrial.
O Fibras de ágar-ágar foi uma das 12 ideias brasileiras finalistas do No Waste Challenge, um desafio para Ação Climática do What Design Can Do em parceria com a Fundação IKEA. Lançada em janeiro de 2021, a competição de design convocou soluções para reduzir o lixo e o desperdício, e repensar toda a linha de produção e ciclo de consumo atuais. O desafio foi aberto a empreendedores criativos de todo o mundo e ofereceu três briefings de design que abordam diferentes aspectos da economia linear "extrair-produzir-descartar". A chamada aberta recebeu 1409 projetos enviados por inovadores de 100 países, sendo 173 do Brasil. Todos os projetos podem ser encontrados na plataforma do Challenge.