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Todas as casas de uma das ilhas de Tonga foram destruídas após um tsunami provocado pela erupção de um vulcão submarino, e três mortes foram confirmadas até o momento, afirmou o governo do país insular nesta terça-feira (18/01), em sua primeira atualização desde o desastre, ocorrido no sábado.
Segundo o gabinete do primeiro-ministro Siaosi Sovaleni, as vítimas são dois tonganeses e uma cidadã britânica, e o número de mortos ainda pode subir. Várias pessoas também ficaram feridas no "desastre sem precedentes", disse o governo.
Na ilha de Mango, onde vivem cerca de 50 pessoas, todas as casas foram destruídas. Na ilha de Fonoifua, somente duas permaneceram intactas, e na de Namuka, os estragos também foram grandes, de acordo com o governo.
A comunicação foi interrompida no país, e ainda há preocupação com a situação dos habitantes de duas ilhas menores, também fortemente atingidas.
O tsunami provocou ondas de até 15 metros de altura, que atingiram a costa oeste da ilha principal de Tonga, Tongatapu, e o grupo de ilhas Ha’apia, onde Mango está localizada.
Cinzas e água contaminada
Em Tongatapu, a principal preocupação agora são as cinzas que revestiram a ilha e contaminaram a água da chuva utilizada pelos habitantes como fonte de água potável.
"O abastecimento de água foi seriamente afetado pelas cinzas vulcânicas", disse o governo.
"Os desafios para o transporte marítimo e aéreo permanecem devido aos danos aos cais e às cinzas que cobrem as pistas de decolagem. Os voos domésticos e internacionais foram adiados até novo aviso, à medida que os aeroportos passam por uma limpeza."
As Forças Armadas da Nova Zelândia enviarão água fresca e outros suprimentos, mas disseram que as cinzas que cobrem a pista do aeroporto de Tonga obrigam o adiamento do envio em pelo menos mais um dia.
Medo do coronavírus e de nova erupção
Além de uma aeronave da Nova Zelândia, um navio da marinha australiana foi colocado de prontidão para fornecer ajuda humanitária. Mas Tonga teme que pessoas vindas de fora possam trazer consigo o coronavírus.
O inóspito país insular é um dos poucos lugares no mundo que conseguiu evitar qualquer surto de covid-19, e as autoridades temem que o vírus possa causar um desastre muito pior do que o provocado pela erupção vulcânica.
"Não queremos trazer outra onda - um tsunami de covid-19", disse o chefe adjunto da missão de Tonga na Austrália, Curtis Tu'ihalangingie, à agência de notícias Reuters.
Ele afirmou que qualquer suprimento enviado a Tonga precisaria ser colocado em quarentena, e que possivelmente nenhum pessoal estrangeiro fosse autorizado a deixar a aeronave ou navio.
Outra preocupação é que o vulcão Hunga Ha'apai volte a entrar em erupção, segundo Greenwood, apontando que no momento não há nenhum equipamento em funcionamento nos arredores que possa prever uma nova atividade vulcânica.
"Boa notícia"
Segundo as Nações Unidas, imagens de satélite mostraram grandes danos na costa ocidental de Tongatapu, com vários resorts e casas destruídas ou severamente danificadas.
No entanto, Katie Greenwood, chefe da delegação no Pacífico da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho afirma que temia-se que os danos fossem ainda maiores.
"Felizmente, nos maiores centros populacionais não estamos vendo o efeito catastrófico que pensávamos que poderia acontecer, e isso é uma boa notícia."
Greenwood vive nas Ilhas Fiji – cerca de 800 quilômetros a oeste de Tonga – e tem falado com pessoas em Tonga por telefone via satélite. Ela disse que cerca de 50 casas foram destruídas em Tongatapu, mas que ninguém precisou usar abrigos de emergência. Na ilha vizinha de 'Eua, cerca de 90 pessoas tiveram que ser levadas a abrigos.
Erupção histórica
A erupção do último sábado foi provavelmente a maior já registrada em qualquer lugar do mundo em mais de três décadas, segundo especialistas. O vulcão submarino, chamado Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai, fica a cerca de 70 quilômetros a noroeste da ilha principal de Tonga, entre duas ilhotas.
A erupção foi ouvida até no Alasca, e as ondas atravessaram o oceano e causaram derramamento de óleo e dois afogamentos no Peru. Em imagens de satélite, viu-se o que se assemelha a uma enorme explosão nuclear.
Inicialmente, foi detectada uma erupção na sexta-feira passada. No sábado veio a segunda erupção, que acabou por gerar as ondas gigantes pelo Pacífico, enquanto uma terceira foi registrada na segunda. Deutsche Welle