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Em 2021, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o período de 2021 a 2030 como sendo a "Década do Oceano". É um esforço global para ampliar o conhecimento sobre o oceano, em todos os seus aspectos, e juntar esforços da ciência, dos governos e da sociedade civil para revitalizar e proteger a vida marinha.
No dia 8 de junho vamos celebrar o Dia Mundial do Oceano e as dez iniciativas mostradas nesta matéria mostram a união do turismo, da ciência e da educação em prol da conservação da biodiversidade marinha no Brasil. Aqui a vida marinha do Brasil está sendo protegida
Turismo sustentável e responsável
- A busca por experiências mais autênticas, atividades ao ar livre e maior contato com a natureza estão entre as grandes tendências do turismo nos próximos anos.
Para estimular negócios sustentáveis que possam promover a conservação da biodiversidade em regiões costeiro-marinhas e que também caminham em direção a essas expectativas para o turismo, a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza selecionou dez projetos para receber apoio técnico e financeiro a partir deste ano.
As soluções de turismo responsável desenvolvidas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do país estão entre as 19 iniciativas de todo o país selecionadas pelo Camp Oceano, que destinará um total de R$ 3,7 milhões em apoio financeiro pelos próximos três anos.
- Além do turismo, também foram apoiadas soluções para reduzir a poluição no mar e mitigar os efeitos da crise climática em regiões costeiras.
“Os projetos do Camp Oceano, desenvolvidos por meio de cocriação, com capacitações e mentorias para aprimorar as ideias, demonstraram potencial para gerar impactos positivos e duradouros para a conservação de nossas áreas costeiras e marinhas, unindo o turismo, a ciência, a educação, o desenvolvimento econômico e a integração com a comunidade”,
avalia Omar Rodrigues, gerente sênior de Engajamento e Relacionamento Institucional da Fundação Grupo Boticário.
Aqui a vida marinha está sendo protegida
Conheça 10 iniciativas que unem turismo, ciência e educação em prol da conservação da biodiversidade marinha no Brasil.
Região Nordeste
A maioria dos projetos apoiados está no Nordeste. Das seis iniciativas de destaque na região, duas estão em Pernambuco. A Coalizão pelos Corais é um programa de turismo científico para integrar a comunidade local de Porto de Galinhas na resolução da degradação recifal e da demanda por novos passeios.
O projeto, realizado pela BioFábrica de Corais, busca implementar um programa de restauração de Recifes, dividido em quatro programas de manejo: transplantação de corais, mapeamento e monitoramento, recuperação de colônias enfermas, e experiências educacionais.
Vista aérea de Porto de Galinhas, em Pernambuco (Foto: Getty Imagens)
Já o projeto Aves de Noronha busca a convergência entre atividades de turismo e o fomento a ações de conservação no Arquipélago de Fernando de Noronha. Realizado pelo Instituto Espaço Silvestre, tem a intenção de preservar a maior diversidade de espécies de aves marinhas do Brasil, além de estimular a economia local, a ciência, a comunicação e o engajamento social.
De João Pessoa (PB), o projeto Coral eu cuido é modelo de gestão integrada e participativa para ajudar pessoas e empresários de turismo náutico na preservação dos recifes costeiros da Paraíba, utilizando tecnologia interativa digital e campanhas de sensibilização ambiental. O objetivo da solução, elaborada pela Associação para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia (Scientec), é promover um turismo responsável e sustentável, com ênfase no monitoramento da saúde do ecossistema e engajamento permanente dos usuários em medidas de conservação.
No Ceará, uma iniciativa da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) está entre as selecionadas.
O projeto Conhecer para Conservar visa a promoção do turismo responsável no município de Icapuí, com o intuito de fortalecer o turismo de base comunitária, permitindo a visitação ordenada de observação e experiência por meio de um Plano de Turismo Participativo. O projeto fornecerá apoio técnico e legal para os diferentes atores sociais, promovendo o fortalecimento de atividades turísticas para a conservação do peixe-boi-marinho e de aves migratórias, espécies ameaçadas de extinção e seus habitats naturais.
O projeto Conhecendo o oceano no rastro das tartarugas marinhas, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável da Península de Maraú, na Bahia, integra um conjunto de ações locais para conectar o trade turístico, moradores, turistas e poder público, a fim de diminuir a pressão sobre os recursos naturais oriunda do desordenamento do turismo. Atua a partir da disseminação de cultura oceânica por meio de circuitos turísticos educativos e o desenvolvimento de um aplicativo que conecta pessoas e negócios com a conservação do oceano e das tartarugas.
Elaborada pelo Projeto Conservação Recifal, em Alagoas, a solução Fomentando o Ecoturismo na APA Costa dos Corais tem por objetivo promover o turismo participativo no monitoramento dos recifes de corais da maior unidade de conservação costeiro-marinha do Brasil. O processo inclui treinar turistas e capacitá-los para coletar dados durante passeios de snorkel. Uma equipe de pesquisadores fará expedições trimestrais a fim de comparar e validar os dados coletados pelos turistas.
Região Sul
Duas soluções beneficiam o turismo marinho no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Iniciativa do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars), o projeto Como Virar Torres para o Mar? tem por objetivo a observação presencial e virtual da fauna marinha em Torres. Pretende, ainda, chamar a atenção da cidade para sua costa por meio da implementação do turismo de observação dos lobos e leões-marinhos, sem precisar estar necessariamente embarcado.
O Botos da Barra, outro projeto gaúcho que receberá o suporte financeiro da Fundação Grupo Boticário, é uma solução para potencializar o turismo de base comunitária atrelado à conservação da natureza na Barra do Rio Tramandaí. Por meio de métodos participativos de qualificação e conscientização dos atores locais, da valorização dos serviços e da paisagem de beleza cênica, o projeto da ONG Kaosa pretende ser catalisador da sustentabilidade de comunidades pesqueiras e litorâneas.
Realizado pela Fundação Educacional da Região de Joinville, o projeto Caminhos do Mar – Turismo de Natureza para a Conservação da Baía da Babitonga, em Santa Catarina, tem a intenção de promover o turismo embarcado de observação da natureza, como as toninhas, o menor golfinho do mundo e ameaçado de extinção.
O projeto pretende gerar as bases técnicas para o desenvolvimento das atividades e transferir os produtos gerados para uma rede de colaboradores, incluindo jovens que fazem curso técnico em turismo. Os produtos gerados têm grande potencial para serem transformados em políticas públicas.
O peixe mero pode chegar a 3m de comprimento e mais de 400 kg (Foto: Getty Imagens)
Região Sudeste
Um dos projetos apoiados será desenvolvido no Litoral Norte de São Paulo. A solução Mergulhando com o Mero, da Associação Ambientalista Terra Viva, busca desenvolver tecnologia para produção em cativeiro do peixe mero, criar protocolos para o manejo de indivíduos jovens, mapeamentos de áreas com aptidão para soltura, repovoamento e estímulo ao turismo de observação de megafauna.
O mero pode chegar a três metros de comprimento e mais de 400 quilos. O projeto fornecerá treinamento para comunidades tradicionais, fomentando a cultura oceânica, possibilitando o turismo de observação do mero e fortalecendo as comunidades do entorno.