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O período mais frio e mais seco está associado a uma grande área de alta pressão atmosférica que toma conta do Brasil central, o qual permite céu claro, praticamente sem nuvens, nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Durante esse período seco, as inversões térmicas e grandes períodos de estabilidade atmosférica (períodos sem chuva) prevalecem e, com isso, os poluentes ficam retidos na parte mais baixa da atmosfera, devido à pouca expansão diurna da camada limite planetária.
Na prática, os poluentes atmosféricos ficam "presos" na camada baixa da atmosfera (onde estamos) por mais tempo, já que praticamente não há turbulências nem chuva para movimentar essa sujeira, devido à estabilidade atmosférica.
Foto: amanhecer desta terça-feira (24) na zona oeste de São Paulo (SP), por Stefanie Tozzo
Assim, efeitos óticos podem ser observados, principalmente logo próximo ao nascer do sol e no período da tarde, próximo ao pôr do sol. Nestes horários, os efeitos óticos são mais visíveis porque o sol está no horizonte. Como a faixa de atmosfera que o sol percorre até chegar aos nossos olhos é muito maior do que ao meio-dia (quando a lâmina atmosférica é mais curta), o caminho ótico que a radiação percorre é muito maior. Veja nas imagens abaixo:
O resultado é que o efeito de difração dos poluentes fica mais intenso nestes dois horários, por volta do nascer e pôr do sol, já que a luz solar atravessa uma camada maior de poluentes e, assim, observamos os céus coloridos com maior intensidade.
As difrações no vermelho e no laranja são difrações oriundas de material particulado (MP), principalmente MP 10. A atmosfera tem grande quantidade de MP 10, poluente cuja combinação com o feixe de luz resulta em coloração puxada para o alaranjado/ avermelhado.
O que são esses materiais particulados?
Os MPs são compostos químicos em suspensão na atmosfera que não se encontram em estado gasoso, mas sim em líquido ou sólido, como partículas de poeira. Sua principal fonte de origem é a queima de combustíveis fósseis, como os gases liberados por automóveis e indústrias.
E por que cidades pequenas, como no interior paulista, também registram altos valores de MPs e céu alaranjado? As atividades agrícolas como a queima de cana-de-açúcar também libera MP na atmosfera.
Consequências para a saúde
Essa poeira quando muito pequena (MP 2,5) consegue entrar nos pulmões e nas vias áreas superiores, e podem causar infecções. É por isso que no tempo seco aumentam as crises de asma, bronquite e todas as "ites". O uso de máscara pode ser uma solução simples para diminuir a entrada do ar sujo nos pulmões.
Foto: entardecer no parque Villa Lobos - São Paulo (SP), por Maria Clara Sassaki