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Curso sobre Justiça Climática oferecido pelo Pacto Global da ONU reúne iniciativas brasileiras e mostra que empresas devem assumir responsabilidades
Por que o setor privado precisa combater a mudança no Clima?
Este está sendo um mês do Meio Ambiente bastante emblemático no Brasil, marcado principalmente pelo assassinato do indigenista da Funai Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Eles desapareceram no dia 5 de junho - Dia Internacional do Meio Ambiente - enquanto investigavam crimes ambientais praticados na Amazônia. A maior parte desses crimes afeta diretamente a população indígena – a que menos contribui para a destruição das florestas, mas que está na linha de frente dos impactos dessa degradação.
O fato dos impactos ambientais e climáticos afetarem mais aquelas populações estruturalmente marginalizadas está no centro do conceito de Justiça Climática. O assunto é tema de um curso com quatro aulas oferecido gratuitamente pela iniciativa Pacto Global da ONU. Ao abordar os problemas ambientais pela lente da justiça climática, fica nítido que são exatamente as pessoas mais pobres, que moram em casas menos seguras, as primeiras a sofrer com enchentes e inundações. E são as populações que dependem dos rios e das florestas que sentem primeiro os efeitos de sua degradação.
A aula desta terça-feira (21) é uma das mais importantes desta edição do curso e discute a responsabilidade das empresas pela destruição ambiental e climática causada direta ou indiretamente por seus negócios. A conversa busca indicar caminhos sobre como o setor privado deve combater a mudança climática e dá exemplos bem sucedidos no Brasil.
A formação também busca indicar que o setor privado está sendo chamado à sua responsabilidade, inclusive de forma judicial. Em muitos países, empresas poluidoras estão sendo obrigadas pela justiça a ter planos verificáveis para reduzir suas emissões. Este é o caso, por exemplo, da Shell frente à justiça dos Países Baixos, onde está sua sede.
Em outros casos, companhias e governos estão sendo diretamente processados por impactos severos das mudanças climáticas - de grandes enchentes a ondas de calor assassinas.
Segundo Patrícia Pìnho, uma das palestrantes do curso do Pacto Global, é do interesse das próprias empresas frear os maiores efeitos da crise climática.
“As perdas econômicas já são substanciais. A degradação dos recursos naturais já é expressiva”, explica. “A meta [do Acordo de Paris] de manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC nos dá a chance de evitar perdas irreversíveis.”
Pinho é pesquisadora do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU). Para ela, não é possível solucionar o problema da mudança do clima sem o engajamento das empresas, ao mesmo tempo que compensações financeiras serão necessárias para adaptar comunidades e regiões vulneráveis.
“Ao responsabilizar as empresas, podemos acelerar a agenda de adaptação, resguardando as pessoas mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que novos negócios prosperam, de modo mais estratégico e inteligente”, defende Pinho.
Saiba mais sobre o curso e como assistir as aulas desta edição no link