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Foto: Climatempo
Houve um aumento de 71,2% de descargas elétricas atmosféricas e de 57,7% de raios no Outono deste ano de 2022 sobre todo o Brasil, se comparados com o Outono de 2021.
Foram um total de 12.092.393 quantidades de descargas elétricas atmosféricas, em todo o Brasil, no Outono de 2022 (entre os dias 20/03/2022 e 21/06/2022). E desse total, 4.429.579 eram raios durante o Outono. Fonte Earth Networks.
Já no Outono de 2021 foram menores a quantidade de descargas elétricas atmosféricas, se comparadas com o mesmo período de 2022, com um total de 7.062.469 descargas elétricas atmosféricas, entre os dias 20/03/2021 e 21/06/2021, em todo o Brasil. E entre esses dados, foram registrados 2.808.833 raios durante todo o outono de 2021. Fonte Earth Networks.
Afinal, o que são raios e descargas elétricas atmosféricas?
É importante lembrar que há uma grande diferença entre raios e descargas elétricas atmosféricas. As descargas atmosféricas são geradas pelas nuvens de tempestades e podem ou não se conectar ao solo. Já os raios, são somente as descargas que se conectam ao solo.
Ou seja, o raio é na verdade uma descarga elétrica atmosférica que chega ao solo. O mais comum são as descargas elétricas atmosféricas que se formam em algumas nuvens que têm um grande desenvolvimento vertical e alcançam mais de 10 quilômetros entre sua base e o topo. Nesta situação, uma parte da nuvem tem temperaturas abaixo de zero, onde se formam o gelo. Estas nuvens são conhecidas como cumulonimbus e são muito comuns em dias quentes e úmidos. É a nuvem típica da primavera/verão no Brasil.
No entanto, descargas elétricas atmosféricas podem ocorrer dentro de algumas nuvens especiais, mas também durante uma intensa atividade vulcânica, em tempestades de areia e até sem nuvens no céu!
Veja também: Saiba como se formam os raios
Estados que mais tiveram descargas elétricas atmosféricas e raios nos outonos de 2022 e 2021
Os estados no Brasil que mais tiveram descargas elétricas atmosféricas no Outono de 2022 foram no Pará, com 1.811.438, no Rio Grande do Sul, com 1.150.331, e no Mato Grosso do Sul, com 1.132.328. E os com mais raios foram também no Pará, com 885.546, o Amazonas com 750.522, e o Rio Grande do Sul com 338.165.
Quantidade de descargas elétricas atmosféricas no outono de 2022 (entre os dias 20/03/2022 e 21/06/2022). Fonte Earth Networks.
Quantidade de raios no outono de 2022 (entre os dias 20/03/2022 e 21/06/2022). Fonte Earth Networks.
Já no Outono de 2021, o estado que mais registrou descargas elétricas atmosféricas também foi o Pará, neste caso com 1.061.831, depois foi Minas Gerais, com 838.747 e o terceiro o estado do Amazonas, com 717.821. Nesse ano de 2021, o Rio Grande do Sul ficou na quinta posição de estado com maior descargas elétricas atmosféricas no Outono, com um total de 531.558.
No caso de raios, os estados que mais registraram no Outono de 2021 foram no Amazonas, com 610.768, no Pará com 593.145, e no Mato Grosso, com 247.315. Já o Rio Grande do Sul ficou na sétima posição de estado com maior quantidade de raios no Outono de 2021, com 118.663.
Quantidade de descargas elétricas atmosféricas no outono de 2021 (entre os dias 20/03/2021 e 21/06/2021). Fonte: Earth Networks.
Quantidade de raios no outono de 2021 (entre os dias 20/03/2021 e 21/06/2021). Fonte: Earth Networks.
Abaixo está melhor visualizado a distribuição dos raios, através dos mapas, de quantidade de raios no outono de 2022 e 2021.
Mapa de quantidade de raios no outono de 2022 (entre os dias 20/03/2022 e 21/06/2022). Fonte: Climatempo/Earth Networks.
Mapa de quantidade de raios no outono de 2021 (entre os dias 20/03/2021 e 21/06/2021). Fonte: Climatempo/Earth Networks.
Motivo do aumento de descargas elétricas atmosféricas e raios neste Outono de 2022 com relação ao Outono de 2021
Um dos motivos do aumento de descargas elétricas atmosféricas e raios neste Outono de 2022 com relação ao Outono de 2021 tem relação com o fenômeno La Niña, neste ano de 2022.
Ou seja, em um grande período do outono de 2021 o Oceano Pacífico chegou a estar em uma fase de neutralidade, com uma influência do viés mais frio. Sendo que o La Niña chegou a ficar presente a poucos dias do início e final da estação dessa estação de Outono de 2021.
Já nesta estação do Outono de 2022 tivemos um La Niña, durante toda a estação, e até de maneira moderada, o que justifica esse aumento de quantidade de descargas elétricas, com relação ao mesmo período do ano passado.
Explicando melhor, em anos de La Niña costuma ter bastante raios e descargas elétricas atmosféricas, pois esse fenômeno ajuda a deixar a atmosfera mais fria e com uma maior formação de gelo nas nuvens, o que consequentemente contribuem para uma maior ocorrência dessas descargas elétricas.
Aliás, o La Niña também está associado ao aumento da frequência de granizo pelo país. Ou seja, a Lã Niña é um resfriamento da água na faixa equatorial do Oceano Pacífico, que também esfria a atmosfera em todo o globo. Com uma atmosfera mais fria significa que as nuvens de tempestade acabam gerando mais gelo que o normal. E quando este gelo se desprende das nuvens, a atmosfera mais fria que o normal faz com que este gelo não derreta na queda.
Complementando, no ano passado, 2021 a chuva cortou mais cedo pela região Central do país, como pelo Sudeste e Centro-Oeste. Além disso, a Oscilação da Antártica (AAO) também contribui no ano passado, pois estava mais positiva (o que ajuda a deixar a metade sul do país mais seca), já neste final do Outono de 2022 chegou a ficar negativo a AAO, o que justifica em parte, neste último caso, as precipitações acima da média em parte do Sul do país no Outono de 2022, além da influência do gradiente de temperatura na superfície do mar do Oceano Atlântico, que estava favorecendo a formação de frentes frias mais frequentes sobre o Sul do país. Com a parte mais fria na altura do norte da Argentina e a mais quente entre o Paraná e o Sudeste do país. Ou seja, a corrente das Corrente das Malvinas chegou a aumentar as águas mais frias na altura do norte da América do Sul, e próximo à costa do Sul do país, favorecendo esse gradiente de temperatura. Além da faixa leste equatorial do Oceano Pacífico ter esquentado levemente e contribuído na circulação dos ventos em altitude, e na mudança das chuvas, se comparada com outros períodos de La Niña clássicos.
La Niña mais forte para um início de junho dos últimos 23 anos
Anomalia de chuva no outono de 2022 no Brasil (chuva observada subtraída com a climatologia da estação). Fonte: Dados do INMET e Climatempo
Anomalia de chuva no outono de 2021 no Brasil (chuva observada subtraída com a climatologia da estação). Fonte: Dados do INMET e Climatempo
A Oscilação da Antártica (AAO) dos últimos dias
Oscilação da Antártica (AAO) ou Modo Anular Sul (SAM) estava recentemente na fase negativa, com isso geralmente há um enfraquecimento do Vórtice Estratosférico Polar e dos ventos de oeste. Isso pode ser observado através da corrente de jato polar que passa a fazer um caminho com muitas curvas em torno do Hemisfério Sul, dando suporte dinâmico para que as frentes frias e ciclones extratropicais se desenvolvam em latitudes mais baixas (próximo do Brasil por exemplo).E nessa fase negativa consequentemente há mais chuva na metade sul do país. Outro fator, é o oceano pacífico que está frio (na La Niña) quando associado a AAO, na sua fase negativa, há mais registros também de bloqueios atmosféricos no Brasil, se comparadas com a fase positiva.
Por outro lado, quando a fase é positiva da AAO, fica mais frio a metade sul do país, pois há a intensificação do jato polar, além de deixar mais seco na metade sul do Brasil e geralmente quando há essas condições há mais chuva na metade norte do Sudeste, no Tocantins e na Bahia. Resumindo, quando o índice AAO é positivo, significa que o Vórtice Polar Estratosférico centrado no pólo sul está fortalecido. Dessa forma, os ventos de oeste ao longo da Troposfera extratropical também se mostram intensos e o ar gélido fica confinado na Antártica. É com essa configuração que preferencialmente as frentes frias e ciclones extratropicais rodeiam apenas a Antártica.
Índice de Oscilação da Antártica (AAO) observado e previsto. Fonte: Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA)