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"O sol nasceu às 4h08 daquela terça-feira, dia 14 de julho de 1789, e, apesar da luminosidade, a cidade anunciava um dia encoberto e frio naquele verão, no qual os termômetros marcavam 12 graus pouco antes do meio-dia."
Esta é da descrição das condições do tempo que estavam que estava no Journal de Paris dois dias depois da queda da Bastilha (14/7/1789) Mas 233 anos depois, em 14 de julho de 2022, a comemoração de uma das mais importantes datas da história da França, ocorreu em meio a uma intensa onda de calor que invadiu a Europa e deixa vários países em alerta total.
Eventos como este, além de outros episódios extremos do Clima, têm se repetido com uma frequência que não se via antes, evidenciando a mudança climática pela qual está passando o planeta, e que é mais perceptível no Hemisfério Norte.
Previsão de situação extrema de tempo entre 15 e 18 de julho de 2022 (baseado no windy)
Calor recorde e estresse hídrico em Portugal
Onda de calor na Europa já está fazendo recordes históricos. Portugal registrou o recorde de calor para julho (verão lá) na última quinta-feira, com 47°C na estação do Pinhão. O recorde anterior era de 46,5°C em 23 de julho de 1995, na estação da Amareleja (IPMA)
O estresse hídrico é tão forte em Portugal, que não tem água disponível no solo para sustentar a saúde da vegetação. Então, os plátanos que são mais sensíveis, estão perdendo folhas como se fosse no outono. Isto está ocorrendo em Lisboa e em várias cidades de Portugal. A folhagem seca que se acumula pelos campos pode virar matéria prima para sustentar incêndios, diante do calor extremo
Na Espanha, onda de calor tem nome
Na Espanha, o prefeito de Sevilha, cidade do sul da Espanha e muito badalada, lançou um projeto inovador: batizar as ondas de calor mais intensas, aquelas que alcançam o nível 3, o topo da escala de severidade. A ideia é dar alertas com antecedência e facilitar a comunicação com a população. Os primeiros nomes já foram escolhidos e respeitam a ordem inversa do allfabeto: Zoe (primeira do verão de 2022) e depois virão Yago, Xenia, Wenceslao e Vega.
França
Na França, o calor também bateu recordes para julho e absolutos em vários locais na sexta-feira, 15 de julho. A defesa civil alerta para o alto risco de incêndios na vegetação entre os dias 15 e 18 de julho, especialmente nos campos agrícolas, estradas e terrenos baldios.
Na sexta-feira, 15 de julho, o serviço nacional de meteorologia da França (Meteo-France) confirmou o recorde histórico de calor em Béziers-vias, com a marca de 40,4°C. O recorde anterior era de 39,7°C, em 1994. Recorde histórico de calor também foi registrado em Torreilles, com 39,6°C, sendo que o recorde era de 39,3°C em 1983.
E para piorar, o vento Mistral vai ajudar a aumentar a aumentar o calor especialmente no sul da França. Este vento sopra de norte/noroeste e aquece muito o ar ao descer as montanhas, pelo processo adiabático. É uma situação análoga a que temos em algumas regiões do Brasil, como no sul de Santa Catarina, em toda a região litorânea desde o litoral norte catarinense até o Rio De Janeiro, quando o vento da direção norte/noroeste se intensifica antes da chegada de uma frente fria.
