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O furacão Ian matou ao menos três pessoas em Cuba antes de seguir para a Flórida, nos EUA, onde subiu para categoria 4 e fez uma das mais violentas aterrissagens da história do estado. O número de mortos ainda não começou a ser divulgado oficialmente, enquanto o presidente Biden antecipa que a Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) trabalha com “um número substancial de vidas perdidas”.
Furacão Ian em 29/9/2022 às 11h50 UTC (9h50 Brasília)
O evento perdeu força após tocar o continente, mas após cruzar o estado da Flórida voltou a ser um furacão. No começo da madrugada de 30 de setembro de 2022, de acordo com a avaliação do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês), Ian foi avaliado como um furacão de categoria 1 e segue agora para a Carolina do Sul. À medida que Ian avança para o interior, a ameaça de enchentes significativas continuará a aumentar nos próximos dias. O Centro de Previsão do Tempo dos EUA emitiu um raro alerta de "Alto Risco" para inundações repentinas em grandes faixas para esta noite de quinta e para esta sexta-feira, 30.
Furacão Ian em 30/92022, às 6 UTC (3h00 Brasília), categoria 1
Por satélite, é possível ver que este furacão foi muito maior do que o Charley, de 2004, também de categoria 4 e que deixou 15 mortos, além de prejuízos materiais estimados em 16 bilhões de dólares. Imagens aéreas dão testemunho do impacto da tempestade na Flórida.
Furacão Ian no dia 28/9/2022, como categoria 3, avançava para Flórida (EUA) com ventos de 195 km/h. O sistema tocou o solo da Flórida como categoria 4.
Em que medida as mudanças climáticas contribuíram para agravar o evento nesta região do mundo naturalmente vulnerável a furacões? As primeiras manifestações de cientistas apontam para uma alta contribuição.
Por exemplo, Michael Wehner, cientista climático especialista em furacões e membro do IPCC, estima que a mudança climática aumentou em 14% a precipitação de Ian.
Pesquisas feitas por Alex Lamers e Ashton Cook (informações de contato abaixo), mostram que de 2010-2020 nos EUA, os dias de inundação instantânea de "Alto Risco" foram responsáveis por 39% de todas as mortes por enchentes e 83% de todos os danos causados pelas enchentes.
Outras formas pelas quais as mudanças climáticas estão tornando os furacões mais perigosos incluem:
Aumento da intensidade do furacão
Desde 1979, o aquecimento causado pelo homem aumentou em cerca de 8% por década a probabilidade de um furacão se transformar em um furacão de grandes proporções, Categoria 3 ou superior.
Intensificação rápida mais freqüente
A fração de furacões globais e do Atlântico Norte que se intensificam rapidamente tem aumentado desde os anos 80. As temperaturas oceânicas mais quentes devido ao aquecimento global estão contribuindo para a rápida intensificação dos furacões na maioria das regiões de intensificação dos furacões, incluindo o Caribe e o leste do Golfo do México (Hong e Wu, 2021). As tempestades que passam por uma rápida intensificação pouco antes da aterrissagem são freqüentemente as mais destrutivas, em parte porque as comunidades não têm tempo para se preparar.
Elevação das temperaturas da superfície do mar e do conteúdo de calor oceânico
O conteúdo de calor oceânico é um fator muito importante para uma rápida intensificação. Não só a temperatura da superfície do mar está aumentando, como o aquecimento da água acontece também em profundidade, nas camadas de água do mar bem abaixo da superfície, fazendo com que o conteúdo total de calor oceânico seja anormalmente alto. Como o Clima continua a aquecer, as águas oceânicas estão se tornando "combustível de alta octanagem", dando aos sistemas tropicais uma melhor chance de se intensificarem rapidamente