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 2022: O clima em ação

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 2022: O Clima em ação


Durante o ano de 2022 ocorreram diversos fenômenos meteorológicos a nível global, entre eles: a permanência da La Niña pelo terceiro ano consecutivo, chuvas em níveis acima do normal, ondas de calor, longos períodos de seca e frio intenso, dentre outros.


Por isso, neste especial mensal, iremos fazer uma retrospectiva de alguns desses eventos para refrescar sua memória e levantar a discussão sobre a intensificação das mudanças climáticas por ações antrópicas e, consequentemente, o aumento da ocorrência de fenômenos climatológicos extremos, impactando diretamente a vida da população.


Onda de Calor na Europa


O primeiro fenômeno de grande impacto no ano de 2022 a ser discutido é: a alta pressão na Europa, caracterizada como bloqueio atmosférico, que atuou de maio a agosto ocasionando uma longa e extrema onda de calor. 


Esta condição atmosférica faz com que o ar fique estável e a umidade baixa, diminuindo as chances de chuva e elevando a temperatura, podendo ocasionar uma onda de calor. Na Europa, as temperaturas ultrapassaram 40°C em Londres. Áreas no sudoeste da França chegaram a 42°C, enquanto na Espanha, algumas cidades atingiram o recorde de 44°C. Esses não foram os únicos países afetados, a Croácia, Alemanha, Grécia e Suíça também tiveram elevações da temperatura significativas, o que acabou resultando em queimadas e na morte de mais de 20 mil pessoas na Europa, caracterizando-o como o verão mais quente da história, de acordo com o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia. 

 

A Organização Meteorológica Mundial (OMM) aponta que o aumento da frequência, duração e intensidade desses eventos nas últimas décadas, como a onda de calor apresentada no parágrafo acima, está claramente ligado ao aquecimento observado do planeta e pode ser atribuído à atividade humana, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis e destruição de florestas. 

 

Diante disso, a Agência Internacional de Energia alertou que nenhum novo projeto de exploração de gás, petróleo ou carvão poderia ocorrer a partir de 2022 se o mundo quiser limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais - recomendação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Entretanto, enquanto isso, cabe à sociedade se conscientizar quanto a importância e a realidade já vivida de um cenário de mudanças climáticas e se adaptar aos níveis mais extremos de calor.


Extremos de Chuva


O Brasil é um país com uma grande variedade de climas, resultando em diferentes eventos extremos ocasionados por precipitação, como tempestades, inundações e deslizamentos de terra. Esses eventos podem ser causados por diferentes fatores, como fenômenos meteorológicos como ciclones tropicais e frentes frias, ou intensificados por condições climáticas, como El Niño e La Niña.


O ano de 2022 foi marcado por diversos eventos com elevados índices pluviométricos, ocasionando grandes impactos sociais, ambientais e econômicos.


A primeira semana de junho foi marcada por chuva muito intensa e persistente no litoral do Nordeste, principalmente no estado de Pernambuco, onde em apenas 24 horas, foram registrados volumes superiores a 30% do que é esperado para todo o mês. Algumas das cidades mais impactadas foram:


Goiana (PE): 288 mm
Tamandaré (PE): 162 mm
Recife (PE): 115 mm

Causando diversos transtornos e riscos associados ao solo saturado pelos episódios de chuva que deixaram alertas de alagamentos e deslizamentos de terra.


Os altos volumes de chuva não castigaram apenas o Nordeste do país, extremos de precipitação também marcaram a região Sul ao longo do ano de 2022. Diversas cidades de Santa Catarina registraram mais de 100 mm de chuva em apenas 12 horas na última semana de novembro, ocasionado pelo fluxo de umidade vindos do oceano e pela presença da borda de um Vórtice Ciclônico nos Altos Níveis da Atmosfera (VCAN).


Os eventos extremos de precipitação não são exclusivos do Brasil. A região metropolitana de Brisbane, na Austrália, recebeu em três dias mais de 600 mm de chuva, com várias cidades batendo recordes históricos de precipitação e deixando mais de 60 mil pessoas desabrigadas, enquanto os prejuízos financeiros apontam para 7,5 bilhões de dólares.


Terceiro ano consecutivo de La Niña


O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é um fenômeno de grande importância para a Meteorologia por se tratar de um fenômeno de teleconexão, isto é, impacta as condições de tempo e clima em várias regiões do globo (CAI et al., 2020).


O ENOS é composto pela interação entre dois componentes: o oceano e a atmosfera. A parte oceânica é chamada de La Niña (El Niño) e envolve o resfriamento (aquecimento) anômalo das águas do oceano Pacífico tropical central e leste. Já a componente atmosférica refere-se à diferença de pressão entre Darwin (norte da Austrália) e Tahiti (ilha no Pacífico central), que está associada ao deslocamento das células de circulação atmosférica de Walker (TIMMERMANN et al., 2018).


Pela primeira vez neste século, o fenômeno La Niña durará três verões consecutivos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Este longo período de La Niña ativa foi extremamente prejudicial para a geração de energia eólica no Nordeste do país, devido aos constantes episódios de precipitação na região.


As condições de tempo e clima no Sul e Sudeste do país também foram impactadas ao longo deste período de La Niña ativa, como por exemplo a passagem de frentes frias tardias que atingiram a região no início de novembro e a presença de um inverno rigoroso, com episódio de neve na Serra Catarinense.


É importante que as empresas de energia e os governos estejam preparados para lidar com esses eventos e tenham planos de contingência para minimizar os seus impactos. Isso pode incluir a construção de infraestrutura resiliente, a implementação de medidas de conservação de energia e a diversificação da matriz energética para diminuir a dependência de uma única fonte de energia.


AUTORES:


Lara Marques - Analista Comercial Climatempo 


Rafael Benassi - Analista Comercial Climatempo 

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