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O outono começa nesta próxima segunda-feira, 20 de março de 2023, às 18h25min, e vai até o dia 21 de junho, às 11h58, pelo horário de Brasília, e a estação é marcada pelo período de transição entre a época mais quente e úmida (Verão), para a estação mais seca e fria (Inverno). No Outono é onde a radiação do sol é a mesma pelo Hemisfério Norte e Hemisfério Sul, e no decorrer dos dias, os períodos de sol ficam mais curtos e as noites mais longas. Já não temos mais presença da La Niña, que foi decretado seu fim em fevereiro de 2023, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). E a princípio, a estação deverá contar com a neutralidade climática de maneira geral.
Entretanto, segundo a ENFEN, Estudo Nacional do Fenômeno El Niño no Peru, indica a possibilidade do El Niño Costeiro entre março até julho de maneira fraca, podendo ficar entre 0,4 e 1,0°C acima da sua média normal mais na faixa leste equatorial do Oceano Pacífico, no setor niño 1+2. Aliás, esse fenômeno é configurado quando as águas do Oceano Pacífico no setor niño 1+2 ficam 0,5°C acima da sua média em um período no mínimo de três (3) meses seguidos.
Apesar do início do Outono ter já águas aquecidas no leste da faixa equatorial do Oceano Pacífico, às águas do Oceano Pacífico se aquecem do centro ao leste, de uma forma geral, ao longo mesmo desta nova estação de 2023, isso já a partir de maio, porém o El Niño se configura mesmo, de maneira clássica, a partir de junho de 2023, e será mais evidente no decorrer do Inverno deste ano. Estima-se que seja um El Niño de intensidade moderada nesse período, estamos monitorando se será de maneira forte no próximo Verão (2023/2024).
O El Niño costeiro auxiliará no fortalecimento das correntes de jato, o que ajudará a aumentar a chuva em parte do Sul (como entre Santa Catarina e o Paraná), parte do Mato Grosso do Sul e São Paulo, além do auxílio das frentes frias que deverão ficar paradas entre essas áreas, muito pela influência da temperatura superfície do Oceano Atlântico, na altura do Sul do país.
O que se espera em anos de La Niña e de El Niño no mundo. Fonte:USAID e Climatempo.
Diferença do comportamento do Oceano Pacífico e da circulação da Atmosfera entre anos de El Niño e La Niña. Fonte: NOAA.
Como se comportará a chuva no Outono de 2023 no Sudeste do país ?
Durante o Outono costumamos ter o avanço da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) pelo Sudeste, o que favorecerá períodos mais secos entre as áreas centrais e parte do Sudeste do país, típicas da estação. E também os jatos subtropical e polar avançam mais pelo Sul do Brasil, Mato Grosso do Sul e parte do Sudeste, como em São Paulo, auxiliando na formação de frentes frias e de instabilidades nessas áreas. Aliás, os sistemas mais importantes que atuam e auxiliam na formação de chuva em parte da metade sul do país são as passagens das frentes frias.
As frentes frias devem ser fracas a moderadas e costeiras no começo do Outono e mais fortes e continentais no final da estação, tanto pelo Sul quanto em parte do Sudeste do país.
O outono de uma forma geral terá chuva dentro da média sobre boa parte do Sudeste (como nas regiões de Ribeirão Preto, Campinas, São Carlos, e nas capitais: São Paulo, Rio De Janeiro, Belo Horizonte e Vitória), ficando um pouco acima da média apenas no noroeste e oeste do estado de São Paulo, como sobre as regiões de Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto, Marília, Bauru, parte das regiões da Itapeva, do Vale do Ribeira e do litoral sul da paulista.
Chuva prevista para o Outono de 2023 sobre o Sudeste do país e em todo o Brasil. Fonte:Climatempo
A chuva ficará mais concentrada mais na estação entre o Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Paraná e o centro oeste do estado de São Paulo, com precipitação acima da média, como mencionado acima, por conta da frente fria que poderá ficar mais concentrada entre essas faixas, em especial, na segunda metade da estação.
E isso se deve a faixa do Oceano Atlântico, na altura do Sul do país, mais quente que o normal, favorecendo à passagens e formações das frentes frias, formação de ciclones extratropicais e até mesmo de desenvolvimento de ciclones subtropicais. Como o gradiente das temperaturas superficiais estará mais favorável, onde na altura do sul da América do Sul ficará com temperaturas dentro da média e mais quente no Atlântico na altura da Região Sul do país, auxiliará no deslocamento e na passagem das frentes frias, de maneira mais recorrente. Mas, como na costa do Sudeste, estará dentro da média, e impedirá que as frentes frias avancem mais pelo Sudeste. Com isso, os sistemas frontais atuarão, mais sobre parte do estado de São Paulo, sul de Minas Gerais e chegando até no Médio Paraíba. Pois, as frentes frias geralmente percorrem em direção à águas mais quentes que o normal.
Anomalia da temperatura da superfície do Mar do Oceano e a previsão da formação do El Niño nos próximos meses. Fonte: NOAA/Climatempo.
De maneira geral, o Sudeste do país terá chuva dentro da sua Climatologia, ou seja entre 100 e 400mm, na média. Com os maiores volumes de chuva sendo registrados no noroeste e oeste do estado, como poderá ocorrer entre pontos do Vale do Ribeira à áreas de serra do estado do Rio de Janeiro, além de parte do sul de Minas.
Climatologia do Outono. Fonte: Climatempo
Temperaturas no Outono de 2023 no Sudeste
Por influência do aquecimento do Oceano Pacífico, as temperaturas ficarão acima da média do sudoeste de São Paulo ao nordeste de Minas Gerais, passando pela zona da mata mineira e parte do sul mineiro, e todo o estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, além do noroeste do estado de São Paulo. Já do norte do estado de São Paulo até o noroeste de Minas, o ar mais seco, e com a maior perda radiativa auxiliará a temperatura ficar abaixo da sua climatologia neste outono de 2023, como deverão ocorrer nas regiões Franca, Barretos e São José do Rio Preto, por exemplo. Por fim, entre o centro do estado de São Paulo e parte do norte de Minas Gerais, como nas regiões de Campinas, São Carlos, parte da região de Ribeirão Preto e do Sul de Minas Gerais, as temperaturas ficarão dentro da média.
Temperatura prevista para o Outono de 2023 sobre o Sudeste do país e em todo o Brasil. Fonte:Climatempo
Entenda os efeitos de um El Niño clássico no Brasil
Entenda os efeitos do fenômeno La Niña clássica no Brasil
Detalhes da previsão para o mês de abril de 2023 no Sudeste
Mais detalhes, em abril a chuva ficará levemente acima da média nos quatro (4) estados do Sudeste, mas bem menores os acumulados se comparados com o mês de março de 2023.
Na primeira quinzena de abril de 2023 a chuva será ainda típica de verão, com pancadas isoladas e fortes, mas na segunda quinzena do mês já começa a ter a influência mais pela passagem de frentes frias, que também podem trazer chuva forte. Além disso, pelo Sudeste, as temperaturas já começam ser típicas do Outono e com temperaturas que caem mais à noite sobre a segunda quinzena de abril.
Previsão de anomalia da chuva em abril de 2023 no Sudeste do país. Fonte:Climatempo.
Já a temperatura ficará levemente abaixo da média em abril do centro norte do estado de São Paulo, como entre as regiões de São Carlos, Ribeirão Preto, Franca, Barretos, São José do Rio Preto e no norte da região de Campinas, como do Triângulo Mineiro ao norte de Minas Gerais; dentro da média do centro do estado de São Paulo ao nordeste de Minas Gerais, passando pelo sul de Minas Gerais, e acima da média do sudoeste do estado de São Paulo ao Espírito Santo, passando pelo leste de Minas Gerais - incluindo as capitais paulista, fluminense e capixaba.
Previsão de anomalia da temperatura em abril de 2023 no Sudeste do país. Fonte:Climatempo.
Detalhes da previsão para o mês de maio de 2023 no Sudeste
Em Maio a chuva já fica abaixo da média em todo o Sudeste do país. E neste mês as frentes frias já ficam mais barradas entre Santa Catarina e o sul de São Paulo, com dificuldades para avançar pelo Sudeste, e com isso o destaque será a amplitude térmica elevada, diferença maior das temperaturas mínimas e máximas no dia.
Destacam-se duas fortes frentes frias que devem passar no final do mês de maio entre o Sul e parte do Sudeste, como entre São Paulo, Minas e Rio de Janeiro.
Previsão de anomalia da chuva em maio de 2023 no Sudeste do país. Fonte:Climatempo.
Já a temperatura ficará levemente abaixo da média ainda em maio do centro norte do estado de São Paulo, como entre as regiões de São Carlos, Ribeirão Preto, Franca, Barretos, São José do Rio Pretro e no norte da região de Campinas, como do Triângulo Mineiro ao norte de Minas Gerais; Dentro da média do centro do estado de São Paulo ao nordeste de Minas Gerais, passando em parte do sul de Minas Gerais, e acima da média do sudoeste do estado de São Paulo ao Espírito Santo, passando pelo leste de Minas Gerais, além da Zona da Mata Mineira e no sul e leste do Sul de Minas Gerais, incluindo as quatro capitais do Sudeste.
Previsão de anomalia da temperatura em maio de 2023 no Sudeste do país. Fonte:Climatempo.
Detalhes da previsão para o mês de junho de 2023 no Sudeste
Entre maio e junho haverá uma forte frente fria, que chegará pelo Centro-Oeste e parte do Sudeste, pois além de forte será continental, além de outra mais forte frente fria em meados de junho também, segundo alguns modelos meteorológicos. O que ajudará a chuva fica acima da média mais pelo sudoeste do estado de São Paulo, como no Vale do Ribeira e no litoral sul. Já em boa parte do Sudeste, como em Minas, grande parte dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como no oeste do Espírito Santo. Mas, temos que lembrar que chove pouco sobre o Sudeste durante este mês e a média climatológica já é baixa neste mês, aliás diminui bastante a chuva já a partir de maio. E sobre o centro leste do Espírito e pontos do centro e nordeste do Rio de Janeiro a chuva ficará abaixo da média.
Previsão de anomalia da chuva em junho de 2023 no Sudeste do país. Fonte:Climatempo.
Já a temperatura ficará abaixo da média ainda em junho de 2023 do centro norte do estado de São Paulo, como entre as regiões de São Carlos, Ribeirão Preto, Franca, Barretos, São José do Rio Preto, como do Triângulo Mineiro ao norte de Minas Gerais; Dentro da média do centro do estado de São Paulo ao nordeste de Minas Gerais, passando na região de Campinas e em boa parte do sul de Minas Gerais; e acima da média no extremo noroeste do estado de São Paulo e do sudoeste do estado de São Paulo ao Espírito Santo, passando pelo leste de Minas Gerais, além da Zona da Mata Mineira e no sul e leste do Sul de Minas Gerais, incluindo as capitais fluminense e capixaba.
Previsão de anomalia da temperatura em junho de 2023 no Sudeste do país. Fonte:Climatempo.
Resumo de como será o Outono de 2023 no Sudeste do país
• No início de abril ainda se espera um padrão mais típico de verão, com calor e alta umidade provocando pancadas de chuva, porém de forma muito isolada;
• No decorrer de abril o tempo passa a ficar mais firme em todo o Sudeste, e por conta disso as noites passam a ser mais frescas, com amplitudes térmicas maiores. Ainda deverá fazer bastante calor em alguns dias no interior do estado de São Paulo;
• Uma a duas massas de ar frio de fraca a moderada intensidade passam pela região ao longo do mês, inaugurando um padrão mais típico de outono;
• Maio terá temperaturas próximas da normalidade, mas com viés positivo no leste e faixa litorânea, e negativo no interior, onde as noites são mais frias; as maiores variações são esperadas para a segunda quinzena.
• Entre a segunda quinzena de maio e o mês de junho, frentes frias seguidas de massas de ar frio avançam pelo sul e leste da Região Sudeste favorecendo quedas acentuadas de temperatura, mas também com curta duração.
• Estação predominantemente seca, mas com viés positivo nas chuvas no oeste e sul do estado de São Paulo, onde deverá chover em mais dias do que o normal.
Curiosidade sobre o Oceano
A corrente do Golfo e a circulação meridional do Atlântico (AMOC) estão enfraquecendo, sendo uma das mais baixas em cerca de 1000 anos, e estão sim relacionadas às mudanças climáticas. E com esse enfraquecimento ajudou nos três (3) anos seguidos na persistência do fenômeno La Niña.
Outro fator que ajudou na atuação do La Niña em um longo período foi a Oscilação Decadal do Oceano Pacífico (ODP) que é uma oscilação que está na sua fase fria desde 1999.
E outro relação a essa la Niña que persistiu por um longo período foi o aumento dos raios cósmicos, que estão geralmente associados às grandes explosões estelares – as supernovas. E esse ciclo natural é em torno de 22 anos, onde quanto há mais entrada de raios cósmicos, faz com que o fenômeno La Niña persista por mais tempo também, com um ciclo de 22 a 22 anos, em média.
Além disso, entre 2019 e 2020 houve a ruptura da Oscilação Quase-Bienal (QBO), semelhante ao que ocorreu em 2015/2016, que estão associados ao aquecimento global. Vale salientar que o sul do país registrou períodos mais secos entre o final de 2019 e o até o início de 2023.
Desde o segundo semestre de 2020 até o início de 2023 o fenômeno La Niña atuava, e entre o final de 2019 e o início de 2020 estava em ano neutro, mas tendendo para o El Niño Modoki (que não foi classificado), e funciona semelhante ao La Niña, onde os jatos de baixos níveis e os corredores de umidade, oriundo da Amazônia, não ficam por longos períodos para à Região Sul do país.
Ainda estamos monitorando, pois há a formação do El Niño costeiro nos próximos meses e um El Niño clássico no segundo semestre de 2023
A última vez que se teve um El Niño foi entre 2018 e 2019, e um El Niño costeiro entre 2016 e 2017, sendo que ao mesmo tempo se tinha uma La Niña do tipo Modoki (no segundo semestre de 2016). E o último El Niño forte, foi o super El Niño de 2015/2016.
Veja também: AMOC: o que acontece se esta corrente parar?