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Mudanças climáticas e operações a céu aberto: uma análise do ENOS.

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O ENOS (El Niño Oscilação Sul) é um fenômeno climático que ocorre no Oceano Pacífico, na região equatorial. Ele é caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais do Pacífico central e oriental, o que tem efeitos significativos no Clima global. Os principais impactos do ENOS para o Brasil estão relacionados às variações no regime de chuvas em diferentes regiões do país, e com o passar dos anos e com o aquecimento que o planeta está passando, seus efeitos estão ainda mais evidentes.

 

Em 2015, foi registrado um dos El Niños de maior intensidade já registrados. As principais projeções já apontavam para um dos maiores da história devido ao aquecimento das águas do Pacífico na época, e o colocavam como o maior evento desde 1997-1998, o que acabou se confirmando: ele foi mais forte do que o de 1997-1998, e seu pico ocorreu em dezembro de 2015. No Brasil, o fenômeno intensificou ainda mais a seca no Nordeste e também provocou estiagem prolongada no Norte, centro-norte de Minas e de Goiás e no Distrito Federal. Além disso, houve muitas inundações no Sul do país, e o impacto do fenômeno foi tão grande que até hoje causa transtornos na economia do Brasil, principalmente no setor elétrico e de alimentos.

 

Mas o que as mudanças climáticas podem afetar no ENOS? Tendo em vista que o fenômeno se trata de um dos principais fenômenos climáticos que afetam o planeta, especialistas indicam que ações humanas levaram ao aquecimento das águas do Pacífico ocidental, de modo desproporcional, mais rapidamente aquecidas do que as do Pacífico central. Esse aquecimento foi responsável pelos eventos mais extremos do El Niño registrados nas últimas décadas e deve ser o fator-chave no futuro próximo. Mas não só a fase quente do ENOS deve ser afetada, diversos estudos indicam que a frequência de ocorrência do La Niña também deve ser afetada, levando a uma maior ocorrência do fenômeno, como nos anos de 2020, 2021 e 2022. Vale destacar que os efeitos do ENOS, tanto na fase quente quanto na fase fria, podem gerar mais furacões e tufões e inclusive afetar ciclos naturais do planeta. Seus danos incluem a destruição de Recifes de corais, inundações, deslizamentos e secas.

Na agricultura, por exemplo, as variações decorrentes do ENOS podem ter impactos significativos na produção de culturas, como a soja e o milho. Durante o El Niño, as chuvas tendem a ser mais escassas em algumas regiões, o que pode levar à seca e à redução da produtividade. Por outro lado, durante o La Niña, as chuvas podem ser mais intensas, o que pode prejudicar a qualidade das safras e atrasar a colheita.

 

Na mineração, as operações a céu aberto também são afetadas pelas mudanças climáticas e pelo ENOS. A escassez de água pode dificultar a operação dos equipamentos, e as chuvas intensas podem levar a deslizamentos de terra e interrupções na produção, entre outros efeitos em diversos segmentos. Para lidar com os desafios das mudanças climáticas e do ENOS, as empresas que operam a céu aberto precisam adotar medidas de adaptação e resiliência. Isso inclui investir em tecnologias que permitam monitorar e antecipar as mudanças climáticas, diversificar as operações em diferentes regiões e estabelecer parcerias com as comunidades locais para desenvolver soluções mais sustentáveis e resilientes. A adoção de práticas sustentáveis é fundamental para garantir a continuidade das operações e a preservação do meio ambiente.

 

Por Guilherme Borges - Meteorologista Climatempo

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