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por Guilherme Borges - Meteorologista
O fenômeno El Niño é conhecido por seu efeito disruptivo nos padrões climáticos globais, especialmente na América do Sul. Durante os episódios de El Niño, ocorrem alterações significativas nos padrões de precipitação, resultando em impactos distintos em diferentes regiões.
Impactos específicos do El Niño no Brasil:
Os impactos do El Niño no Brasil são distintos de região para região, devido às mudanças nos padrões atmosféricos e de circulação. O El Niño aumenta o risco de seca na faixa norte das regiões Norte e Nordeste, enquanto provoca grandes volumes de chuva no Sul do país. Esse fenômeno ocorre devido à evaporação mais intensa da água da superfície do Pacífico, resultando em um ar quente e úmido que sobe para as camadas superiores da atmosfera, formando nuvens carregadas. Essas chuvas intensas são frequentes no meio do Oceano Pacífico, mas têm efeitos destrutivos quando o ar quente e seco circula para o norte da América do Sul, inibindo a formação de nuvens e causando uma diminuição nas chuvas no Norte e Nordeste do Brasil.
No entanto, o cenário é diferente no Sul do Brasil, onde o El Niño aumenta a probabilidade de chuvas acima da média. Isso ocorre devido à interferência na circulação dos ventos em grande escala, que influencia padrões de vento norte-sul. Essa alteração na circulação age como uma barreira, impedindo que as frentes frias avancem pelo país. Consequentemente, as frentes frias se concentram por mais tempo na Região Sul. Importante destacar que geralmente o sistema começa no segundo semestre do ano, o que é diferente deste ano, o sistema influenciou diretamente os padrões de chuva no Brasil durante o inverno. Vale destacar que não há padrão para quando o próximo fenômeno deve se formar, e ele pode durar 2 anos ou mais.
Variações de precipitação na América do Sul durante o El Niño e eventos extremos:
Durante os episódios de El Niño, observam-se mudanças marcantes na frequência e intensidade de eventos extremos de precipitação em várias regiões da América do Sul. Alice Green, em suas pesquisas, enfatizou que essas alterações têm um impacto prático significativo, principalmente durante a estação chuvosa. No noroeste da América do Sul, por exemplo, uma redução na frequência de chuvas intensas é notada em agosto, estendendo-se para o sudeste durante a estação chuvosa até novembro ou dezembro. Contudo, em janeiro e fevereiro, há uma reversão dessa tendência, especialmente no centro-leste do Brasil. A região do sudeste da América do Sul, caracterizada por tempestades intensas, é particularmente afetada, experimentando mudanças consistentes na ocorrência de chuvas intensas de outubro a fevereiro. No outono, destaca-se um aumento notável de eventos extremos, contribuindo para inundações significativas.
Desafios dos setores de infraestrutura:
Durante eventos de chuvas extremas associadas ao El Niño, setores críticos de infraestrutura, como construção, mineração, rodovias, ferrovias, saneamento e portos, enfrentam desafios significativos. As chuvas intensas podem atrasar projetos de construção, interromper operações mineradoras, danificar estradas e trilhos, sobrecarregar sistemas de saneamento e prejudicar o funcionamento de portos.
Concluindo, o impacto do El Niño nos padrões de precipitação na América do Sul e no Brasil é significativo e variado. Mudanças na frequência e intensidade de eventos extremos de precipitação afetam diferentes regiões, com o sudeste da América do Sul sendo uma das áreas mais impactadas. No Brasil, o El Niño resulta em riscos de seca no norte das regiões Norte e Nordeste, enquanto no Sul aumenta a probabilidade de chuvas acima da média. Compreender esses padrões é crucial para antecipar e mitigar os impactos sociais e econômicos causados por eventos climáticos extremos associados ao El Niño.
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