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48% da população mundial viveu calor anormal de junho a agosto

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4 min de leitura

Oferecido por

por Cinthia Leone (Climainfo)


Quase metade da população mundial - mais de 3,8 bilhões de pessoas - experimentou pelo menos 30 dias de temperaturas significativamente mais altas entre junho e agosto deste ano. Um estudo divulgado agora afirma que a causa é a mudança climática, fenômeno gerado por emissões de gases que aquecem o planeta, com origem principalmente no uso de combustíveis fósseis, como gás e petróleo, seguido do desmatamento. 


Pesquisas que conectam o Clima do planeta a eventos meteorológicos específicos (como ondas de calor e ciclones, por exemplo) são chamados de Estudos de Atribuição. Eles comparam as chances de um evento meteorológico ocorrer no clima do passado e no clima atual, que já está cerca de 1,2ºC mais quente em média do que foi no século 19 devido à poluição atmosférica que aumentou desde então. 


O estudo de atribuição revelado agora foi conduzido por pesquisadores do Climate Central, dos EUA. Eles usaram o Climate Shift Index, um sistema idealizado pelo próprio Climate Central e revisado por pares (ou seja, por outros cientistas da mesma área de conhecimento) para quantificar a influência da mudança climática nas temperaturas diárias observadas recentemente em todo o mundo. 

 

 

48% da população mundial viveu calor anormal de junho a agosto de 2023 (Foto: Getty Images)

 

Além de perceberem que ao menos 3,8 bilhões de pessoas foram expostas ao calor acima do normal para a época/região durante ao menos 30 dias entre junho e agosto deste ano, os pesquisadores descobriram que pelo menos 1,5 bilhão de pessoas esteve exposta ao calor incomum em cada dia desses três meses.


A análise mostra também que as sociedades que sentiram os efeitos mais fortes do calor em excesso causado pela mudança climática foram as que menos contribuíram para o problema. Os países com as menores emissões tiveram de 3 a 4 vezes mais dias de junho a agosto sob efeito forte da mudança climática do que os países do G20, onde está o Brasil, que é sexto maior emissor do mundo. 


"Em todos os lugares, se você começar a ir além das temperaturas que as pessoas experimentam regularmente em cada época do ano, esse é um calor perigoso porque você não está preparado para ele fisiologicamente ou em termos de infraestrutura", disse Andrew Pershing, vice-presidente de Ciências da Climate Central, durante uma coletiva de imprensa para lançamento do estudo. 

 

“Isso acontece mesmo em áreas tropicais onde o calor é mais comum, como Porto Rico. Uma mudança pequena acima das temperaturas médias pode ter um grande impacto sobre as pessoas que estão acostumadas a um clima estável”, comentou Friederike Otto, cientista climática do Imperial College London, que esteve na coletiva, mas não fez parte da pesquisa. 


O mês de julho de 2023 foi destaque recentemente por ter sido o mês mais quente já registrado – estatisticamente, os cientistas dizem que é também o mais quente em pelo menos 120 mil anos. O Verão deste ano no Hemisfério Norte também foi o mais quente já observado.

 

Na semana passada, a ONU divulgou um relatório que mostra que os países não estão diminuindo suas emissões de gases que aquecem a Terra, enquanto seu secretário-geral, António Guterres, declarou que efetivamente “o colapso climático começou”. 

 

 

 

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