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O Rio Grande do Sul voltou a sofrer com temporais nesta terça-feira que trouxeram muita chuva e ventania causando transtornos para população em diversas regiões do estado.
Desta vez, as tempestades não foram provocadas por nenhum ciclone extratropical, mas por uma combinação de fatores que são normalmente associados à formação de nuvens de temporal, as temíveis cumulonimbus, as únicas nuvens que têm o poder de provocar, ao mesmo tempo, ventania (que pode passar de 100 km/h), raios, chuva forte (que pode acumular 50 mm em menos de 1 hora, quantidade de chuva suficiente para causar alagamentos repentinos em centros urbanos) e também granizo, em diversos tamanhos e quantidades.
Para entender a situação meteorológica
Manchas em tons de vermelho indicam nuvens com potencial para temporais (Imagem GOES 16, 20h10, 16/1/24 - Colorização da Climatempo)
Na manhã do dia 16 de janeiro de 2024…
1 - ao nível do mar, uma frente fria avança do litoral do Uruguai para o litoral do Rio Grande do Sul, associada a uma massa de ar frio fraca, mesmo assim, o contraste térmico entre o este ar frio e o ar quente sobre o Rio Grande Sul ajuda a formar as nuvens carregadas;
2 - em superfície, uma grande massa de ar quente e úmido predomina sobre o Brasil e atua também sobre a Região Sul;
3 - ventos quentes e úmidos vindos do Norte do Brasil sopram fortes sobre o Paraguai, norte da Argentina, Rio Grande do Sul e Uruguai, trazendo mais combustível para o desenvolvimento de nuvens cumulonimbus;
4 - em superfície e também em torno de 1500 metros de altitude, uma área de baixa pressão atmosférica forte (centro de menor pressão do ar pouco abaixo de 1000 hectopascais), entre o norte da Argentina e o Paraguai ajuda a canalizar o ar quente e úmido para o Uruguai e o Rio Grande do Sul;
5 - em torno de 5500 metros de altitude, uma grande e forte alta pressão atmosférica atua sobre o Sudeste e parte do Centro-Oeste, com influência também sobre o Paraná, e dificulta o movimento da frente fria e da baixa pressão atmosférica; esta alta pressão forma um bloqueio temporário;
Esta combinação de fatores gerou muitas nuvens cumulonimbus sobre o Uruguai, ainda de manhã, que foram avançando sobre o Rio Grande do Sul no decorrer da tarde e noite do dia 16 de janeiro de 2024
Evolução das áreas de instabilidade que provocaram chuva forte no RS em 16/1/2024 (Imagens GOES 16)
Temporais continuam na quarta-feira,17
Nesta quarta-feira, 17 de janeiro, esta situação meteorológica não se altera muito. A frente fria e sua massa de ar frio vão se deslocar sobre o mar, indo em direção à costa de Santa Catarina. Muitas nuvens cumulonimbus continuam se formando sobre o Rio Grande do Sul, mas também sobre parte de Santa Catarina. A alta pressão atmosférica que entrou forte no Sudeste vai bloquear as áreas de instabilidade sobre os dois estados, mas a maior quantidade dessas nuvens e de chuva será sobre o Rio Grade do Sul.
As tempestades se intensificam nesta quarta, 17, e espalham as nuvens carregadas sobre praticamente todas as regiões gaúchas. As áreas de instabilidade ficarão persistentes por muitas horas consecutivas provocando grandes volumes de chuva.
Chuva generalizada e forte
Apenas o extremo sul gaúcho, região do Chuí, de Santa Vitória do Palmar, ficará fora do alerta para temporais nesta quarta-feira, 17 de janeiro. Nesta região, o céu deve se manter nublado, mas espera-se apenas chuviscos.
As demais regiões do Rio Grande do Sul, incluindo a Grande Porto Alegre, ficam na área de risco para transtornos devido à chuva volumosa. As rajadas de vento podem passar dos 80 km/h durante os temporais e pode haver queda de granizo.
A Grande Porto Alegre, região dos Vales, o Planalto, a Serra e o litoral central e norte do Rio Grande do Sul ainda poderão ter chuva forte durante a quinta-feira.
Previsão de chuva volumosa
A Climatempo endossa o alerta recente emitido pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul sobre o risco de transtornos e grandes volumes de chuva nas próximas 48 horas.
Nesta quarta-feira, 17, os acumulados podem passar de 90 mm/dia no Centro, Vales e região metropolitana de Porto Alegre. Nas demais regiões do estado, os acumulados variam entre 35 e 75 mm/dia.
Na quinta-feira (18), os acumulados devem variar entre 45 e 65 mm/dia, podendo passar destes limites pontualmente.
No final deste evento de instabilidade, o volume de chuva dos dias 16 e 17 de janeiro de 2024 deve variar entre 80 e 120 mm sobre a maioria das áreas da Campanha, Sul, Sudeste, Centro, Vales, Grande Porto Alegre e Nordeste do Rio Grande do Sul.
Porém, em alguns locais da Campanha, Sul, Sudeste, Centro, Vales e Grande Porto Alegre, o total acumulado pode passar dos 150 mm.
É alto o risco de queda de granizo e fortes rajadas de vento.
Ventania
Ventania de temporais no RS em 16/01/2024 e até 1 hora de 17/01/2024
Maiores rajadas de vento no RS até 1h de 17/1/24
107 km/h em Canoas (base aérea) às 22h04
103 km/h em Canela entre 23h e meia noite
91 km/h em Cruz Alta entre 21h e 22h e entre 22h e 23h
89 km/h em Porto Alegre (aeroporto Salgado Filho) às 22h04
89 km/h em Porto Alegre (Jardim Botânico) entre 21h e 22h
88 km/h em Rio do Sono entre 21h e 22h
84 km/h em Santa Maria entre 20h e 21h
84 km/h em Canguçu entre 21h 22h
84 km/h em São Vicente do Sul, entre 19h e 20h
80 km/h em Dom Pedrito entre 17h e 18h
80 km/h em Canoas (base aérea) às 22h35
79 km/h em Caçapava do Sul entre 19h e 20h
76 km/h em Canoas (base aérea) às 23h
76 km/h em Rio Pardo entre 21h e 22h
76 km/h em São Gabriel entre 18h e 19h
75 km/h em Santa Vitória do Palmar entre 11h e 12h
72km/h em Porto Alegre (aeroporto Salgado Filho): às 22h00
Volumes de chuva
Volumes de chuva acumulados em 24 horas, entre 1h do dia 16 e 1h de 17/1/2024 (Inmet)
86 mm Dom Pedrito (68,4 mm em 3h)
72,4 mm Santana do Livramento ( 50,8 mm em 2h)
65,8 mm São Gabriel(47,6 mm em 1h)
58,6 mm em Encruzilhada do Sul (32,4 mm em 1h)
54,8 mm em Santiago (52,2 mm em apenas 1h)
53,6 mm em São Vicente do Sul
Volumes de chuva acumulados em 12 horas, entre 13h40 do dia 16 e 1h40 de 17/1/2024 (Cemaden)
81,2 mm Encruzilhada do Sul
80,6 mm Canoas
75,7 mm Porto Alegre (acumulado em menos de 6 horas)
71,6 mm Dom Pedrito
67,4 mm Viamão
67,2 mm Gravataí
64,4 mm Candelária
62,8 mm Itaqui
61,6 mm Entre-Ijuís
60,6 mm Rosário do Sul