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Uma análise realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Rio De Janeiro (UFRJ) nas 14 áreas urbanas mais populosas do Brasil revelou um excesso de 48.075 mortes relacionadas às ondas de calor entre os anos 2000 e 2018. O estudo, liderado pelo físico Djacinto Monteiro dos Santos, do Departamento de Meteorologia da UFRJ, destaca que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram as mais afetadas, especialmente as Regiões Metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Belém e Cuiabá.
Aumento alarmante de mortes
No período de 2010, o Brasil enfrentou de 3 a 11 ondas de calor por ano, quase quatro vezes mais do que na década de 1970. Os dados inéditos, compilados por 12 pesquisadores de sete universidades e instituições brasileiras e portuguesas, apontam que as ondas de calor não apenas aumentaram em frequência, mas também em intensidade. A pesquisa utilizou o Fator de Excesso de Calor (EHF) para definir as ondas de calor, considerando intensidade, duração e frequência de aumentos de temperatura.
Consequências fatais e grupos vulneráveis
As consequências das ondas de calor são fatais, com cerca de 48 mil brasileiros perdendo a vida devido aos bruscos aumentos de temperatura. As principais causas de morte estão associadas a problemas circulatórios, doenças respiratórias e condições crônicas agravadas pela alta temperatura. Grupos mais vulneráveis identificados incluem idosos, mulheres, pessoas autodeclaradas pretas e pardas, com menor nível de escolaridade ou comorbidades como câncer.
Comparação internacional
Uma análise da mortalidade e temperatura em 326 cidades da América Latina revela que para cada 1 grau Celsius de aumento de temperatura, estima-se uma elevação de 5,7% no risco de morte, especialmente entre idosos com doenças cardiovasculares ou câncer. Essa situação não é exclusiva do Brasil, pois um estudo do Instituto de Saúde Global de Barcelona aponta que cerca de 70 mil pessoas podem ter morrido em toda a Europa em 2022 devido às temperaturas extremas.
O aumento alarmante das mortes relacionadas ao calor no Brasil requer medidas urgentes. O estudo destaca a importância de políticas públicas focadas na adaptação e prevenção, visando proteger os grupos mais vulneráveis. A conscientização da população sobre os riscos associados às ondas de calor e a implementação de estratégias para mitigar esses impactos tornam-se imperativos para garantir um futuro mais seguro diante das mudanças climáticas.