Oferecido por
A seca que o Brasil enfrenta há meses continua preocupante e as previsões para os próximos meses não trazem boas notícias. Mesmo com a leve redução de áreas em seca extrema em agosto, os impactos nas regiões mais afetadas, como Mato Grosso, Acre e Amazonas, são graves e continuam se intensificando. Como consequência, a conta de energia aumenta e a chance de racionamento de água pode aparecer em alguns estados.
Monitoramento de agosto mostra seca extrema em várias regiões
Segundo o Índice Integrado de Seca (IIS3) do CEMADEN, agosto de 2024 apresentou uma leve melhora em algumas regiões, mas ainda assim, cerca de 200 municípios estão em situação de seca extrema. Cerca de 200 municípios continuam enfrentando seca extrema, o que significa um impacto severo no abastecimento de água. São Paulo é o estado mais afetado, com 82 cidades em seca extrema, seguido por Minas Gerais (52 municípios), Mato Grosso (24), Goiás (12) e Mato Grosso do Sul (8). Além disso, áreas indígenas enfrentam uma situação preocupante, com 45 territórios em condições de seca extrema, o que representa um aumento em relação ao mês anterior, julho.
O Índice Integrado de Seca (IIS3) é uma ferramenta que monitora a gravidade da seca no Brasil. Ele combina dados sobre chuvas, umidade do solo e a saúde das plantas para avaliar como a falta de água está afetando diferentes regiões.
Setembro: seca ainda mais forte à vista
As previsões para setembro mostram que a situação pode piorar. O Índice Integrado de Seca alerta que a seca vai se agravar em várias regiões, como Amazonas, Mato Grosso e Goiás. Na Bacia do Rio Paraná, a situação continua crítica, com seca severa ou extrema.
Figura 1 - Seca prevista para Setembro de 2024. Fonte: CEMADEN
Impactos na agricultura
Em agosto, a seca impactou fortemente a produção agrícola, especialmente nas áreas de pastagens. Cerca de 963 municípios tiveram mais de 80% de suas áreas agroprodutivas afetadas, o que prejudica a pecuária e pode elevar os custos com alimentos no futuro.
Conta de luz mais cara
A falta de chuva também afeta diretamente o bolso dos brasileiros. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária de setembro será vermelha nível 2, o que significa que a conta de luz ficará mais cara. Como as hidrelétricas estão gerando menos energia por conta da seca, é necessário usar usinas termelétricas, que produzem energia mais cara.
A última vez que esse nível foi acionado foi em agosto de 2021, quando o Brasil também enfrentava uma crise hídrica severa. Desde então, o país vinha operando sob bandeiras mais baixas ou verdes, o que não gerava cobranças adicionais. No entanto, a situação atual, com a seca persistente e a falta de chuvas em diversas regiões, forçou o retorno da bandeira vermelha.
Início da primavera
O cenário não melhora de imediato com a chegada da primavera. Estamos enfrentando a sexta onda de calor de 2024, e a tendência é de tempo ainda mais seco ao longo do mês de setembro e boa parte da primavera. Isso afetará ainda mais os reservatórios de água, que já estão em níveis críticos. A primavera, que marca a transição para a estação chuvosa, começará com tempo seco, o que pode agravar a situação dos reservatórios.