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O Rio Madeira, um dos principais afluentes do Rio Amazonas, atingiu seu nível mais baixo em mais de cinco décadas. Às 12h deste sábado (14), o Serviço Geológico do Brasil (SGB) registrou o nível do rio em apenas 41 centímetros na estação de monitoramento em Porto Velho (RO), a menor marca desde o início das medições, em 1967.
Estiagem prolongada e impactos
A queda acentuada no nível do Rio Madeira ocorre em meio a uma estiagem severa que afeta a região desde junho. Na última segunda-feira (9), o nível do rio já havia atingido 75 cm, o menor valor registrado até então. Essa prolongada seca está causando sérios desafios para as populações que dependem do rio, afetando o abastecimento de água, a geração de energia e o transporte fluvial, essencial para a economia local. A diminuição da vazão ameaça a operação das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que fornecem energia para boa parte do Brasil.
Análise do monitoramento hidrológico da bacia Amazônica
A imagem que acompanha esta matéria é um mapa detalhado da Bacia Amazônica, fornecendo informações sobre o monitoramento hidrológico dos principais rios da região. Cada ponto no mapa representa uma estação de monitoramento, indicando a condição atual dos níveis de água com base em diferentes classificações. As cores e símbolos variam desde o Nível Mínimo Histórico (em marrom escuro), evidenciando uma situação extremamente crítica em locais como Tabatinga e Porto Velho, até áreas onde os níveis de água estão dentro da faixa normal (em verde), como nas regiões de Manaus, Boa Vista e Santarém.
Os locais mais afetados pela seca extrema incluem Porto Velho e Ji-Paraná, onde os níveis dos rios estão muito abaixo do normal, impactando diretamente a geração de energia nas usinas de Jirau e Santo Antônio, além de comprometer o transporte fluvial, essencial para a economia da região. Já na porção leste da Bacia Amazônica, regiões como Parintins e Macapá mantêm condições hídricas normais, mostrando que a seca está concentrada em áreas específicas.
Figura 1 - A imagem que você forneceu mostra um mapa de monitoramento hidrológico da Bacia Amazônica
Fatores meteorológicos
A crise atual começou no ano passado, com a estabilização do fenômeno El Niño no segundo semestre de 2023, somado ao Oceano Atlântico com temperaturas acima da média. Essas condições afetaram significativamente as chuvas da primavera na região Norte, prejudicando a recuperação dos níveis dos rios durante a estação chuvosa.
Além disso, o outono de 2024 foi excepcionalmente seco. Normalmente, essa estação marca a transição entre o período chuvoso e o início da seca, mas a combinação de El Niño e o Atlântico quente contribuiu para a redução das chuvas, afetando ainda mais o abastecimento dos rios. Com a chegada do verão amazônico, que se estende de junho a setembro e marca o período mais seco da região, a situação se agravou. Embora as temperaturas continuem elevadas, a precipitação cai consideravelmente, piorando a situação do Rio Madeira. A chegada deste período seco acentuou ainda mais a queda dos níveis do rio, levando ao recorde de baixa histórica.
Previsão para a primavera
A estação primavera será marcada por chuvas abaixo da média na região Norte. Embora os dias sejam quentes e úmidos, haverá menor formação de nuvens e chuvas esparsas. Como resultado, os níveis dos rios devem continuar caindo, e a incidência de queimadas aumentará devido à vegetação mais seca. Esse cenário agrava ainda mais a crise hídrica no Rio Madeira e suas consequências para a região.
A importância do rio Madeira
Com quase 1,5 mil quilômetros de extensão, o Rio Madeira é um dos maiores do Brasil e do mundo, desempenhando um papel crucial na Bacia Amazônica. Ele serve como uma rota vital de transporte, conectando Rondônia e Acre ao Oceano Atlântico, e é responsável pelo escoamento de produtos como grãos, gado e minérios. Além disso, o Rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil, Jirau e Santo Antônio, que geram eletricidade não apenas para a região Norte, mas também para outras partes do país.
Ecologicamente, o Madeira é um ecossistema de extrema importância, com uma rica biodiversidade que inclui espécies de peixes, aves, mamíferos e plantas exclusivas da Amazônia. A queda no nível do rio representa uma séria ameaça à biodiversidade e ao equilíbrio ecológico local.