Uma área de baixa pressão atmosférica se intensificou na altura do litoral entre o Rio Grande do Sul e Uruguai dando origem à tempestade subtropical Biguá. A possibilidade de formação deste sistema já havia sido alertado na sexta-feira e a Marinha do Brasil confirmou o surgimento da tempestade em aviso especial emitido às 22 horas do sábado, 14 de dezembro.
AVISO ESPECIAL
AVISO NR 1067/2024
AVISO ESPECIAL
EMITIDO ÀS 0100Z – DOM – 15/DEZ/2024
TEMPESTADE SUBTROPICAL “BIGUÁ” COM PRESSÃO CENTRAL DE 1000 HPA EM 33.5S052.2W, MOVENDO–SE LENTAMENTE PARA SUL COM VENTOS MÁXIMOS ESTIMADOS FORÇA 7/8 COM RAJADAS FORÇA 9 (46 NÓS) NO SETOR SUDOESTE/SUDESTE DO CICLONE E MAR GROSSO/MUITO GROSSO ASSOCIADO, COM ONDAS DE 3.0/5.0 METROS, EM ALTO-MAR, AFETANDO AS ÁREAS ALFA, BRAVO E SUL OCEÂNICA.
POSIÇÃO ESTIMADA:
150600Z: 33.4S 052.7W – 999 HPA – VENTO MÁXIMO MANTIDO 33/40 NÓS – TEMPESTADE SUBTROPICAL
151200Z: 32.7S 053.2W – 1001 HPA – VENTO MÁXIMO MANTIDO 33/40 NÓS – TEMPESTADE SUBTROPICAL
151800Z: 31.5S 053.0W – 1002 HPA – VENTO MÁXIMO MANTIDO 28/33 NÓS – DEPRESSÃO SUBTROPICAL
160000Z: 30.1S 051.9W – 1004 HPA – VENTO MÁXIMO MANTIDO 28/33 NÓS – DEPRESSÃO SUBTROPICAL
160600Z: 30.3S 050.1W – 1004 HPA – VENTO MÁXIMO MANTIDO 28/33 NÓS – DEPRESSÃO SUBTROPICAL
161200Z: 30.1S 048.2W – 1007 HPA – VENTO MÁXIMO MANTIDO 28/33 NÓS – DEPRESSÃO SUBTROPICAL
VÁLIDO ATÉ 170600Z.
ESTE AVISO SUBSTITUI O AVISO NR 1054/2024.
Previsão de intensidade e deslocamento
O mapa abaixo mostra a localização da tempestade subtropical Biguá às 21 de 14 de Dezembro de 2024. A previsão da Marinha é de que esse sistema se desloque lentamente para sul. A pressão atmosférica no centro da tempestade subtropical biguá foi estimada em 1000 hPa (hectopascais), com rajadas máximas de 46 nós (aproximadamente 83 km/h) no setor sudoeste/sudeste do ciclone.
A Marinha prevê que esse sistema se mantenha como tempestade subtropical até o meio da manhã deste domingo, 15 de dezembro, e depois enfraqueça passando a ser uma depressão subtropical. O enfraquecimento do sistema significa um aumento da pressão atmosférica e uma diminuição da velocidade das rajadas de vento.
Na região de Rio Grande, no litoral sul do Rio Grande do Sul, o Instituto Nacional de Meteorologia registrou uma rajada de vento com 60 km/h, às 2 horas da madrugada deste domingo e outra com 69 km/h, às 3 horas. Na região de Pelotas, uma rajada chegou a 60 km/h.
O que é um ciclone subtropical?
Um ciclone subtropical é um centro de baixa pressão atmosférica que se organiza isoladamente, sem estar associado a uma frente fria. No Hemisfério Sul, o ar ao redor do centro de baixa pressão se movimenta no sentido horário. Próximo da superfície, o centro dos ciclones subtropicais é mais quente do que a atmosfera ao redor. Isso deixa a atmosfera mais instável e aumenta as condições para ocorrência de tempestades severas.
Um ciclone subtropical pode se intensificar para uma depressão subtropical, quando tem ventos abaixo de 63 km/h. Se o ciclone continua se intensificando, pode se tornar uma tempestade subtropical, com velocidade do vento igual ou maior a 63 km/h e menor do que 118 km/h.
Nomeação do ciclone
Vários ciclones subtropicais já se formaram na costa do Sul e do Sudeste do Brasil, mas são considerados fenômenos meteorológicos especiais, que não ocorrem com frequência.
Em 2024 ocorreu a formação do ciclone subtropical Akará, que atuou entre 15 e 21 de fevereiro. A lista de possíveis nomes para os sistemas meteorológicos especiais que surgem na costa brasileira é definida pela Marinha do Brasil. O novo ciclone subtropical que se formou foi batizado de Biguá, que quer dizer ave marinha, em tupi.
Água do mar quente
O meteorologista da Climatempo Guilherme Borges faz uma observação interessante: “Dois ciclones estão previstos para se formar na costa brasileira neste final de semana, de acordo com os modelos europeu e americano. Essa configuração merece atenção, especialmente porque as temperaturas do Atlântico Sul ao longo de outubro e novembro ficaram de 2°C a 3°C acima da média, potencializando a energia disponível para esses sistemas. Embora haja sinais de redução nas anomalias térmicas em dezembro, as temperaturas ainda estão acima da média, reforçando o impacto desses ciclones.”