A variabilidade climática dos últimos anos tem mostrado como os ciclos dos oceanos Pacífico e Atlântico são fundamentais para moldar o padrão de chuvas em diferentes regiões do Brasil, com reflexos diretos em vários setores da economia, incluindo o setor de energia. Os dados de precipitação e o número de dias com chuva em janeiro entre 2022 e 2025 em capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Cuiabá e Belém ilustram de forma clara essas oscilações.
O papel dos oceanos: pacífico e atlântico em ação
Eventos como o El Niño e a La Niña, associados ao Oceano Pacífico, e as anomalias de temperatura da superfície do Atlântico, influenciam diretamente a distribuição da umidade e a formação de sistemas de chuva. Por exemplo, anos com El Niño tendem a reduzir a chuva no Centro-Oeste e Norte, enquanto favorecem eventos extremos no Sul. O Atlântico, por sua vez, modula a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), afetando o Norte e o Nordeste do Brasil.
Oscilações na precipitação e frequência da chuva: o que os dados revelam
As variações na quantidade de chuva e na frequência dos dias chuvosos são dois aspectos fundamentais para entender o impacto das oscilações climáticas no setor de energia. Além do volume total acumulado, a forma como a chuva se distribui ao longo dos dias desempenha um papel essencial na resposta da vazão dos rios e na recuperação dos reservatórios. Mesmo que o total de precipitação seja o mesmo, chuvas intensas concentradas em poucos dias geram impactos muito diferentes daqueles causados por períodos mais longos de chuva fraca e constante. Em São Paulo, o volume de chuva variou de 366 mm em 2022 para 207 mm em 2023, voltando a subir para 309 mm em 2025. Paralelamente, o número de dias com chuva caiu de 23 em 2022 para 19 em 2025, sugerindo chuvas mais intensas concentradas em menos dias, o que aumenta o risco de eventos extremos, como enchentes.
Belo Horizonte registrou um pico de 504 mm em 2023, caindo para 266 mm em 2024, evidenciando o impacto de anomalias no Atlântico. O número de dias com chuva variou de 18 a 28, sempre acima da média climatológica, indicando uma alta frequência de eventos chuvosos, mesmo em anos com menos volume acumulado.
Em Cuiabá, a redução drástica da precipitação em 2024, com apenas 98 mm e 4 dias de chuva, contrasta com a recuperação em 2025, quando foram registrados 300 mm em apenas 6 dias chuvosos. Esse padrão de seca severa seguido por chuvas intensas em poucos dias reflete a forte influência do Pacífico e representa um desafio para o manejo hídrico.
Belém, por outro lado, manteve uma maior estabilidade, com o número de dias com chuva variando entre 27 e 30, sempre acima da climatologia. O volume acumulado aumentou significativamente em 2024 (507 mm), evidenciando a influência da intensificação da ZCIT, com chuvas frequentes e volumosas.
Impactos no setor energético: o desafio da variabilidade
Essa variabilidade na frequência e intensidade das chuvas representa um desafio para o planejamento energético. Chuvas concentradas em poucos dias podem sobrecarregar reservatórios, enquanto a falta de regularidade dificulta o armazenamento eficiente de água. Para o setor elétrico, isso significa riscos tanto de excesso quanto de escassez hídrica, afetando a geração de energia e a segurança do abastecimento.
Planejamento estratégico: a chave para a resiliência
Entender a dinâmica entre os ciclos oceânicos e o clima é essencial para o planejamento estratégico do seu negócio. O monitoramento constante dessas variáveis permite antever padrões de seca ou excesso de chuva, fundamentais para a segurança e eficiência dos setores que impactam diretamente a segurança e a eficiência operacional. A adoção de políticas de gestão mais adaptáveis, investimentos em infraestrutura resiliente e estratégias diversificadas de mitigação são medidas fundamentais para reduzir os efeitos das oscilações climáticas sobre a economia e a sociedade.