Hoje, no Dia da Terra, 22 de abril, é uma oportunidade para a sociedade debater a urgência da recuperação ecológica. Além de contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, a restauração ecológica ajuda a frear a perda de biodiversidade, aumentar a resiliência das paisagens e reduzir riscos associados à segurança hídrica, alimentar e à saúde. Hoje, mais da metade do PIB mundial depende diretamente da natureza, um sinal claro de que a integridade dos ecossistemas é também uma questão econômica.
O Acordo de Kunming-Montreal, firmado por mais de 190 países, estabelece como uma de suas principais metas restaurar 30% dos ecossistemas degradados do planeta até 2030.
Restauração é uma estratégia
A restauração ecológica é uma das soluções mais estratégicas e urgentes para enfrentar a crise climática. Ecossistemas saudáveis capturam carbono, regulam o regime hídrico, aumentam a resiliência dos territórios e protegem a biodiversidade, destaca André Guimarães, membro do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
“Neste Dia da Terra, é fundamental lembrar que investir em restauração não é apenas uma medida ambiental. É uma resposta integrada que promove segurança alimentar, desenvolvimento sustentável e adaptação às mudanças que já estão em curso”, complementa.
A evolução da restauração ecológica no Brasil é acompanhada pelo Observatório da Restauração e Reflorestamento (ORR) da Coalizão. Em sua versão mais recente, lançada no ano passado, a plataforma contabilizou cerca de 150 mil hectares em processo de recuperação no país, um aumento de 90% em relação ao visto em 2021, quando foram mapeados 79 mil hectares.
O tema também avançou na comunidade internacional, que, desde o Acordo de Kunming-Montreal, mobilizou novos recursos e criou indicadores para monitorar o progresso das metas estipuladas. Há, no entanto, um longo caminho a ser percorrido. A implementação efetiva das metas de restauração depende da tradução desses compromissos em políticas públicas e ações concretas nos países signatários.
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém em novembro, será um momento crucial para definir novas estratégias para enfrentar a crise da biodiversidade, avalia Guimarães.
“A expectativa é de que o país exerça um papel de liderança, demonstrando seu potencial para aliar conservação ambiental, desenvolvimento econômico e justiça social por meio da restauração ecológica.”