Tradicionalmente o mês de janeiro é uma época de muita chuva na maior parte do Brasil, mas especialmente nos estados da região Sudeste. Além do do calor e da grande disponibilidade de umidade no ar, ingredientes básicos para formação das grandes nuvens carregadas, com potencial para temporal, a atuação de corredores de umidade e da ZCAS – Zona de Convergência do Atlântico Sul – é o principal motivo para as chuvas volumosas deste mês.
Considerando o volume de chuva acumulado em 10 dias, entre 3 e 12 de janeiro de 2025, podemos encontrar locais com mais de 200 mm acumulados em todos os estados da região Sudeste. Porém, a maior concentração diária nesta situação está no Espírito Santo, no leste e norte de Minas Gerais, justamente as regiões que vem sofrendo a influência da zona de convergência do Atlântico Sul desde o início de janeiro.
10 maiores volumes de chuva acumulados na região Sudeste, entre 3 e 12 de janeiro de 2025, conforme dados do Instituto Nacional de meteorologia e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
Peruíbe (SP) 358,3 mm
Ipatinga (MG) 343,8 mm
Serra (ES) 333,9 mm
Itariri (SP) 315,1 mm
Unaí (MG) 304,8 mm
Santa Maria de Jetibá (ES) 257,3 mm
Santa Teresa (ES) 250,6 mm
Alegre (ES) 235,8 mm
Manhumirim (MG) 224,8 mm
Paraty (RJ) e Castelo (ES) 224,0 mm
Além desses municípios, o acumulado de chuva em 10 dias superou os 200 mm na região de Muniz Freire, Ibitirama, Venda Nova do imigrante, Carangola, Itabira, Aracruz e Linhares.
No episódio mais recente, a região de Ipatinga, na região mineira do Vale do Rio Doce recebeu cerca de 206 mm de chuva em apenas 6 horas na madrugada do domingo, 12 de janeiro. A média de precipitação para região de Ipatinga em Janeiro fica em torno de 174 mm.
O volume de chuva acumulado nos últimos 10 dias na região de Ipatinga chegou a quase 344 mm, pela medição do cemaden, mas quase toda chuva aconteceu no domingo e nesta segunda-feira, 13 de Janeiro.
Chuva supera a média de janeiro
Sendo janeiro parte do trimestre mais chuvoso da região Sudeste, as médias de precipitação são bastante elevadas.
O mapa mostra a distribuição da média de precipitação para Janeiro no Brasil, considerando os cálculos do Instituto Nacional de meteorologia para o período de 1991 a 2020.
A região onde mais chove na no Sudeste do Brasil em janeiro é na Serra da Mantiqueira e no extremo norte do estado de São Paulo, região de Franca, onde os médias de chuva variam de 300 a 340 mm . Mas em praticamente todo estado de São Paulo, no Triângulo Mineiro, no centro-sul de Minas Gerais e no sul do estado do Rio de Janeiro, essa média de chuva é muito elevada e fica entre 260 e 300 mm.
Para as áreas ao norte e leste de Minas Gerais e para o Espírito Santo, as médias de precipitação para Janeiro variam, em geral, de 140 a 220 mm.
Assim, os acumulados dos últimos 10 dias já superaram a média histórica para Janeiro é muitas áreas dessas regiões, especialmente nos locais onde já choveu mais de 200 mm.
Quando a chuva vai parar?
A chuva deste início de 2025 já deixou várias áreas no Sudeste em situação de emergência e até de calamidade pública, causando mortes devido a enchentes e deslizamentos.
O período de transtornos está apenas no início. Este ano, o verão no Brasil tem influência no fenômeno La Niña e um dos impactos é o de facilitar a organização dos corredores de umidade entre o Norte e a região Sudeste do Brasil, que geram as grandes áreas de chuva e eventualmente a Zona de Convergência do Atlântico Sul.
O atual episódio da ZCAS deve terminar nesta terça-feira, 14 de janeiro. Mas isso não significa que a chuva vai parar por completo. No decorrer da quarta-feira, com a desorganização da ZCAS, as áreas de chuva já não serão tão persistentes sobre o norte e o leste de Minas Gerais e sobre o Espírito Santo. Mas com a atmosfera ainda muito úmida e quente, fortes pancadas de chuva vão continuar ocorrendo, embora em pequenas áreas e com menos frequência.
Durante a quinta-feira, o norte e o leste de Minas Gerais e o Espírito Santo devem sentir a atuação de um sistema de alta pressão atmosférica que vai ajudar a dissipar as áreas de chuva persistente. Isso vai fazer com que a nebulosidade também diminua permitindo que essas áreas tenham várias horas com sol forte no final desta semana. Isso que será importante para aumentar a evaporação, reduzindo acúmulo de água nos solos, além de dar tempo para o escoamento das águas.
Porém, como a chuva foi muito volumosa nos últimos dias, mesmo com a diminuição da frequência da chuva, a população deve ficar atenta para novos deslizamentos especialmente nas áreas onde os solos já está encharcado.
O verão no Brasil está só começando e novos episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul ainda poderão se organizar nos meses de fevereiro e março.