Os dados de 2024 indicam um ano extremamente crítico para a dengue no Brasil, com aumento expressivo nos casos prováveis em comparação a 2023. Nos primeiros meses, de janeiro a maio, os registros foram significativamente maiores, sugerindo uma explosão de casos já no início do ano. Em março, houve o maior número de registros, com 1.758.053 casos prováveis, seguido de perto por abril, que contabilizou 1.643.211 casos. Esses números são muito superiores aos observados nos mesmos meses de 2023, que apresentaram 343.417 casos em março e 424.744 em abril.
Queda gradual após o pico no primeiro semestre
Após o pico em março e abril, observa-se uma queda gradual nos casos a partir de maio, comportamento típico das mudanças sazonais que reduzem a proliferação do mosquito. No entanto, mesmo com essa redução, o segundo semestre de 2024 mostra uma continuidade dos casos em níveis elevados, o que é motivo de preocupação. Em setembro, foram registrados 40.781 casos, e em outubro, 48.436 casos, ambos acima dos valores observados no mesmo período de 2023. Esse aumento fora do período tradicional de pico da dengue sugere que a doença pode estar se tornando mais persistente ao longo do ano, em vez de concentrar-se apenas nos primeiros meses.
Figura 1- Número de casos prováveis de dengue para 2023 e para 2024. Fonte: Ministério da Saúde.
Distribuição por unidade federada
Ao analisar a distribuição dos casos por Unidade Federada, observa-se uma situação crítica em algumas regiões. O Distrito Federal e Minas Gerais destacam-se com os maiores coeficientes de incidência, registrando 9836,4 e 8222,0 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. Esses valores indicam uma alta concentração de casos em relação à população, refletindo a gravidade da situação nessas áreas. Além dessas regiões, estados como Paraná, São Paulo e Santa Catarina também apresentam coeficientes elevados, todos acima de 4000 por 100 mil habitantes, colocando essas áreas em um nível de alerta para a transmissão intensa e sustentada da dengue. Esse cenário indica uma pressão considerável sobre o sistema de saúde, especialmente em estados mais populosos e urbanizados.
Figura 2 – Número de casos de dengue por unidade federada. Fonte: Ministério da Saúde.
Pressão sobre o sistema de saúde em estados com altos números absolutos de casos
Em termos de números absolutos, São Paulo lidera com mais de 2 milhões de casos prováveis, seguido por Minas Gerais, com aproximadamente 1,6 milhão de registros. Esse volume de casos em estados de grande população exige uma capacidade robusta de atendimento nos sistemas de saúde locais, além de esforços contínuos de controle e prevenção. A concentração desses altos índices de dengue no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil está alinhada com fatores climáticos que favorecem a reprodução do mosquito Aedes aegypti, como temperaturas elevadas e umidade relativa alta. Essas condições criam ambientes propícios para o desenvolvimento das larvas e aumento da população de mosquitos, amplificando o risco de transmissão.
Regiões com menor incidência de dengue
Por outro lado, algumas regiões do Norte, como Amazonas, Maranhão e Pará, apresentam coeficientes de incidência consideravelmente mais baixos, todos abaixo de 300 casos por 100 mil habitantes. Esse padrão regional sugere que a dengue impacta menos essas áreas em comparação com o Centro-Sul e Sudeste do país, possivelmente devido a fatores climáticos, geográficos e socioeconômicos que limitam a proliferação do mosquito nessas regiões. Contudo, mesmo nessas áreas, é importante que as medidas de vigilância e controle sejam mantidas para evitar o aumento dos casos.
Em resumo, o ano de 2024 está marcado por uma alta persistência dos casos de dengue e uma concentração em áreas de grande densidade populacional, como o Centro-Oeste e Sudeste. Esse cenário reforça a necessidade de uma ação coordenada e constante das autoridades e da população para combater a dengue de forma eficaz. Com o aumento dos casos em setembro e outubro e as condições climáticas favoráveis ao mosquito, a tendência é de que os próximos meses possam apresentar novos desafios. Por isso, é essencial que as campanhas de prevenção e controle do Aedes aegypti sejam fortalecidas e adaptadas para atender às especificidades de cada região, buscando minimizar o impacto da doença em todo o país.