A chuva de janeiro de 2025 vem castigando muitas áreas do Sudeste, do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste do Brasil. Tradicionalmente esta é uma época de muita chuva no país com a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, da Zona de Convergência Intertropical, além do ar quente úmido que predomina sobre o país e que naturalmente forma nuvens muito carregadas, com potencial para a temporais.
Uma forte pancada de chuva, a circulação de ventos que gera grande acúmulo de umidade nas áreas próximas ao litoral, a passagem de frentes frias, a atuação da ZCAS e da ZCIT, estas e outras situações meteorológicas podem gerar acumulados de chuva de 100 mm, em 24 horas, e até maiores.
Apenas nesta primeira quinzena de janeiro de 2025, cidades de dez estados brasileiros já registraram 100 mm ou mais em 24 horas. Mas o verão no Brasil está apenas começando e muita chuva ainda vai cair sobre o país até o fim da estação. Vale lembrar que o fenômeno La Niña ajuda a formar corredores de umidade entre o Norte e o Sudeste do Brasil e a ZCAS.
Dez maiores volumes de chuva em 24 horas no Brasil, em 2025, até 9 horas do dia 15, conforme medição do Instituto Nacional de Meteorologia.
1- São Luís/ MA – 196.6 mm entre 13 e 14 de janeiro
2 – Unaí/ MG – 162,1 mm entre 7 e 8 de janeiro
3 – Turiaçu/MA – 140,1 mm entre 13 e 14 de janeiro
4 – Goiânia/GO – 135,5 entre 12 e 13 de Janeiro
5 – Tangará da Serra/MT – 134,8 mm entre 13 e 14 de janeiro
6 – Diamantino/MT – 126,2 mm entre 13 e 14 de janeiro
7 – Paraty/RJ – 129,2 mm entre 8 e 9 de Janeiro
8 – Canarana/MT – 124,9 mm entre 8 e 9 de Janeiro
9 – Timóteo/MG – 115,8 mm entre 11 e 12 de Janeiro
10 – Cotriguaçu/MT – 112,6 mm entre 7 e 8 de janeiro
100 mm é muita água
Um volume de chuva de 100 mm acumulados em 24 horas é muita água em qualquer lugar do planeta. Imagine uma caixa com 1 metro de cada lado, altura de 1 metro e uma pessoa em pé dentro desta caixa.
Se você despejar 1 litro de água nesta caixa, a lâmina de água será de 1 milímetro e só vai molhar a sola do sapato. Se você puser 100 milímetros de chuva dentro desta caixa, serão 100 litros de água. A altura da água dentro da caixa será de 10 centímetros, cobrindo completamente os pés da pessoa.
O mapa mostra a distribuição da média de chuva para janeiro no Brasil, conforme cálculos oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia, para o período de 1991 a 2020.
Um volume de 100 mm pode representar de quase metade a um terço da média de chuva para janeiro na maior parte do Brasil. Essa é uma quantidade de chuva observada com frequência no país no período chuvoso do ano.
No período de seca, entre maio e setembro, 100 mm pode representar até 10 vezes mais chuva do que a média mensal, em algumas áreas do país.
O mapa representa a distribuição da média de chuva para o mês de julho no Brasil, segundo cálculos do Instituto Nacional de meteorologia para o período de 1991 a 2020. A média supera os 100 mm apenas nas áreas em tons de verde e azul.
100 mm em 24h
Um volume de 100 milímetros acumulados em 24 horas é bastante elevado, mas pode e já foi observado em muitas áreas de todas as regiões do país. Ocorre todos os anos e não só apenas no períodos chuvoso.
Em geral, esta quantidade de chuva não acontece de forma bem distribuída ao longo do período de 24 horas. O mais comum é que a maior parte dos 100 mm seja acumulado na forma de chuva intensa em pouco tempo, em menos de uma hora.
O impacto desses 100 mm em 24 horas será diferente em uma área urbana e uma zona rural. Este elevado volume de chuva pode causar algum estrago em plantações, mas a maior parte da água será absorvida pelo solo. Já nas áreas urbanas, o asfalto, e outros solos com pouca permeabilidade e bueiros entupidos vão dificultar a absorção da chuva, gerando alagamentos, enxurradas e muitos transtornos para a população.
- Quanto mais impermeabilizado for o solo, quanto mais asfalto e concreto tivermos cobrindo a superfícies, mais difícil será para essa água se infiltrar na terra, para seguir seu curso natural para o rio, para o lago ou mar.
Cidades-esponjas contra as enchentes
É daí que vem o conceito das cidades-esponja, um conjunto de transformações do uso do solo que fazem com que, nesses locais, a água da chuva consiga penetrar com mais eficiência no solo ou tenha espaço para fluir e diminuir o risco de enchentes e de alagamentos.
Transformar os centros urbanos em áreas mais amigáveis para a chuva é uma das grandes questões ambientais que estão sendo pensadas atualmente.
Um dos efeitos mais imediatos das mudanças climáticas que o planeta está enfrentando, devido ao excesso de gases de efeito estufa na atmosfera, é justamente o aumento de eventos de chuvas catastróficas. É nesse sentido que o conceito de cidades-esponja e outras soluções estão sendo cada vez mais adotadas nas cidades, para proteger a vida e a biodiversidade e reduzir o custo financeiro para refazer as áreas urbanas destruídas por tempestades e grandes enchentes.