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Temporais continuam na BA, sertão de PE, sul do MA e do PIMais detalhes

Tempestade mortal na Espanha: 72 mortos, cidades submersas e um olhar técnico

Chuvas torrenciais devastam o leste da Espanha, deixando 72 mortos e cidades submersas. Entenda, com um olhar técnico, o impacto da DANA por trás da tragédia.

Guilherme Borges

30/10/2024 às 12:59

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Imagem da notícia Tempestade mortal na Espanha: 72 mortos, cidades submersas e um olhar técnico

Nos últimos dias, a Espanha sofreu um dos piores desastres naturais em décadas, com chuvas torrenciais devastadoras provocadas por uma DANA (Depresión Aislada en Niveles Altos). Esse sistema atmosférico, caracterizado pela separação de ar frio em níveis altos da atmosfera, encontra ar quente e úmido, especialmente proveniente do mar Mediterrâneo aquecido, gerando uma instabilidade extrema que leva a chuvas intensas e localizadas.

Este fenômeno já é responsável pela morte de 72 pessoas e continua a mobilizar cerca de 2 mil soldados e equipes de resgate na busca por sobreviventes. A província de Valência e outras áreas como Castela-La Mancha e Andaluzia, enfrentam inundações catastróficas que interromperam serviços de transporte e deixaram comunidades ilhadas​.

A região mais afetada pela chuva extrema na Espanha foi entre Utiel e Chiva, onde a precipitação ultrapassou 300 mm em um único dia. Em Chiva, foram registrados impressionantes 491 mm em apenas oito horas, equivalente à média anual de chuvas da região. A distribuição das precipitações variou de chuvas moderadas (15 a 30 mm) em tons verde e amarelo, até volumes muito elevados, acima de 300 mm, indicados em vermelho e rosa escuro no mapa. As chuvas mais intensas se concentraram no sul e leste da Espanha, afetando especialmente Valência, Andaluzia e Extremadura, causando graves inundações e impactos severos na infraestrutura.

Figura 1- Aviso meteorológico emitido pelo serviço de meteorologia da Espanha, mostrando os elevados volumes de chuva (Fonte: AEMET)

A influência da DANA e o efeito do Mediterrâneo

A DANA é uma depressão atmosférica que se forma em altos níveis da atmosfera, geralmente entre 8 e 12 km de altitude. Esse fenômeno ocorre quando uma massa de ar frio se separa da corrente  principal de ventos em jato, criando uma circulação ciclônica isolada. Ao ser isolada do fluxo normal de ventos, a DANA se desloca lentamente e gera uma forte instabilidade atmosférica.

O mar Mediterrâneo, com temperaturas entre 23°C e 24°C, forneceu umidade e energia para as tempestades convectivas associadas à DANA. Essa contribuição se dá pelo aumento da evaporação e a umidade no ar, fornecendo energia adicional para a formação de tempestades. Segundo especialistas da região, temperaturas superiores a 20°C no Mediterrâneo já são suficientes para criar uma atmosfera altamente instável. A instabilidade é amplificada quando uma massa de ar frio em altitude interage com esse ar úmido e quente, aumentando a convecção e gerando grandes nuvens de tempestade, como os cumulonimbus.

Comparação com o VCAN no Brasil: estrutura e impacto semelhantes

Um fenômeno análogo à DANA na meteorologia brasileira é o VCAN (Vórtice Ciclônico de Altos Níveis). Ambos os sistemas são depressões em altas altitudes, isoladas da circulação principal, e têm como característica a circulação ciclônica. Assim como a DANA, o VCAN induz chuvas intensas e localizadas quando encontra massas de ar quente e úmido em superfície. Um exemplo marcante do VCAN ocorreu em janeiro de 2022, quando chuvas fortes atingiram Pernambuco e Alagoas, provocando enchentes e deixando várias áreas urbanas em estado de alerta.

Desdobramentos do desastre em Valência

A catástrofe em Valência é agora considerada o pior desastre natural na Espanha desde 1996. Com áreas inteiras sem energia e telefonia, o governo espanhol declarou luto oficial de três dias e mobilizou aeronaves e cães farejadores para ajudar nas buscas. Mais de 50 pessoas permanecem desaparecidas, e alertas meteorológicos continuam ativos para possíveis novos temporais nas regiões de Catalunha e Cádiz.

A tragédia também reflete uma tendência global de aumento de eventos meteorológicos extremos, intensificada pelas mudanças climáticas, como já alertado por cientistas e órgãos internacionais​

 


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